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21 de maio de 2016

TUDO PELA CULTURA?




Setores, celebridades, personalidades e outros segmentos menos badalados de nossa terra andam fazendo um escarcéu pelo fato de o ministério Temer haver absorvido as atividades relativas à cultura ao reinseri-las no Ministério da Educação.

Ora, o episódio não reclama esse barulhão nem as campanas que anarquistas aproveitam para uma agitação a mais nessa quadra já efervescente de nosso quotidiano.

A função cultural exerce, sim, diligências importantes para o aprimoramento de um povo e para manutenção da identidade nacional. Tudo dependerá das iniciativas e do preparo do titular da recém criada Secretaria de Cultura. Por isso, não será uma providência de mera racionalização administrativa que a agora Secretaria de Cultura terá embargada sua função em nosso país. A imprensa já noticiou que o novo secretário solicitou do tesouro a cifra próxima a um bilhão de reais para a continuidade de suas políticas.

A movimentação ruidosa pela providência por que protestam os autores, visando o recuo do governo, repercute nos meios de comunicação mais pelo fato de as reclamações partirem e se agruparem em nomes e setores que se encontram todos os dias com a população na mídia impressa e eletrônica.

Tais nomes e grupos, com certeza, agiriam mais em benefício do povo (sempre invocado em reclamações e pirraças), se insistissem também, ou principalmente, para exigir o cumprimento da obrigação constitucional e cívica da erradicação do analfabetismo no Brasil. Acentuava aquele constituinte patriota perdido no fundo do oceano que a cidadania começa com o alfabeto, e os analfabetos contam hoje 25.000.000, e continuam prisioneiros de si mesmos, da insensibilidade de muitos e da incompetência que domina nossa pública administração.

Da mesma forma, estes líderes e porta-vozes em defesa de nossa cultura seriam respeitados se, da mesma forma (quem sabe um panelaço?), exercessem uma vigília em favor dos brasileiros famintos, dos miseráveis e esquecidos, dos que ainda não conhecem o conforto da eletricidade, dos que, em subhabitações, se expõem aos riscos da morbidez causada pelos esgotos a céu aberto. Estas vozes, se assim fosse, certamente seriam ouvidas, certamente constrangeriam o governo, certamente obteriam resultado mais proveitoso. Não podemos fantasiar a nossa realidade impiedosa.

Alguns chegam a gritar que o país deve seguir o exemplo de outros, que prestigiam o setor cultural.

Não é bem assim. O prestigioso Ministério de Cultura da França, por exemplo, sempre lembrado a guisa de modelo, é fruto de uma cultura estruturada e adquirida ao longo de 1.500 anos, melhor iniciada com a dinastia merovíngia. Na França, sim, se cogitassem de suprimir aquele órgão consagrado por gerações, o governo viria abaixo. Lá, a cultura é tão valiosa quanto o pão, e brioches e baguettes valem tanto quanto um ingresso para a Ópera. No campo cultural há entre nós um Malraux, um Jack Lang ou um Duhamel ?

No Brasil, o Ministério da Cultura foi criado no governo Sarney, um intelectual sensível à importância da pasta. Seus titulares, a bem da verdade, não refletiram na ação as necessidades da missão, citando Gilberto Gil, que, à frente daqueles altos encargos, cantava e tocava mais que atendia aos foros culturais.

Presidente Temer, não repita este erro, pedimos nós.

José Maria Couto Moreira é advogado.

Sábado, 21 de maio, 2016

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