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2 de dezembro de 2013

AUSÊNCIA DE PUDOR



A prisão dos condenados do mensalão está, literalmente, virando um pastelão. Montou-se toda uma encenação como se os hoje condenados, devendo cumprir com suas respectivas penas, não tivessem tido direito à defesa e fossem vítimas de uma imaginária conspiração das "elites" ou da "mídia", eterno bode expiatório dos que almejam o controle total do poder.

Há duas ordens de questões envolvidas: uma de ordem, digamos, "humanitária", se quisermos ser benevolentes, e outra de ordem propriamente institucional, que diz respeito ao ataque que vêm sofrendo o Supremo Tribunal Federal (STF) e, em particular, o seu presidente.

A primeira é visível no caso do ainda deputado José Genoino, apresentado como uma "vítima" e, conforme as circunstâncias, como um lutador da liberdade no período mais "obscuro" do regime militar. Esta última consideração, aliás, não resiste a uma análise mais elementar dos fatos, pois a guerrilha do Araguaia foi uma tentativa maoista de estabelecer no País o totalitarismo comunista.

As suas avaliações médicas - feitas por duas juntas, uma composta por especialistas da Universidade de Brasília, a pedido do STF, e outra por médicos da Câmara dos Deputados - tiveram como resultado que seu estado não é de cardiopatia grave, merecendo, como qualquer pessoa em sua condição, cuidados especiais. Ao contrário do que chegou a anunciar o seu advogado, não estaria tendo um "infarto". Há um evidente superdimensionamento da doença com o intuito de criar um constrangimento político ao presidente Joaquim Barbosa.

Há, contudo, algo bem mais grave aqui. O que o PT está reivindicando para José Genoino e para os seus outros presos (não se fala de outros "companheiros", como membros de outros partidos, banqueiros, empresários e publicitários) é um tratamento privilegiado, típico das elites. O discurso de Lula caracteriza-se por ser contra as "elites", o seu comportamento e de seu partido, porém, é o de que a elite petista é diferente dos demais cidadãos.

A contradição é flagrante. O Partido dos Trabalhadores não está preocupado com os outros "trabalhadores", mormente negros, pardos e de baixa renda, que vicejam nas prisões brasileiras. Quantos destes precisam de prisão domiciliar? E quantos necessitam de tratamento médico adequado? Silêncio total!
A questão chegou ao paroxismo quando, nas visitas, os horários e os dias estipulados não foram minimamente observados, como se petistas presos não devessem seguir as mesmas regras de outros condenados. Mulheres, mães e irmãs comuns esperando em longas filas, desde a madrugada, reclamaram precisamente dos privilégios. O Ministério Público Federal, em Brasília, chegou a exigir isonomia de tratamento. Ou seja, a tão proclamada ideia da igualdade não vale para as lideranças petistas, a nova elite.

A situação chega a ser hilária. Pessoas de altas responsabilidades governamentais e lideranças partidárias acabam de "descobrir" que as condições de prisão no Brasil são "sub-humanas". Ora, de súbito, tiveram uma crise de humanismo. Eis a grande descoberta após 11 anos de governo petista. O partido ficou muito mal na foto, revelando um indiscutível traço elitista.

A segunda concerne ao processo em curso de deslegitimação do presidente Joaquim Barbosa e, por extensão, do Poder Judiciário. Enquanto o julgamento do mensalão não era definitivo, contentavam-se as lideranças petistas em dizer que as decisões seriam respeitadas. No momento em que o partido foi contrariado, seus dirigentes não hesitam em enveredar por um caminho de instabilização institucional e de negação do Estado de Direito. Há até mesmo ameaças de processos contra o ministro Joaquim Barbosa, exibindo um partido alheio ao respeito pelas instituições.

Aliás, o PT não se entende nem consigo mesmo. Segundo o seu estatuto, dirigentes partidários condenados em última instância deveriam ser expulsos do partido, não mais correspondendo às regras, de fundo moral, que deveriam reger a vida partidária. O que está acontecendo? Ninguém mais se refere aos estatutos, todos se comportam em solidariedade aos detentos, como se houvesse a figura única dos "criminosos do bem", os que emprestam seus serviços ao partido, empregando todo e qualquer meio.

A democracia não é um instrumento que esteja a serviço de um partido qualquer, por mais "virtuoso" que ele se queira representar. O "Bem" da República está situado acima do "bem próprio" partidário, uma lição elementar que, infelizmente, não foi ainda bem aprendida.

DENIS LERRER ROSENFIELD - O Estado de S.Paulo

Segunda-feira, 02 de dezembro de 2013.

BARBOSA DÁ SINAIS DÚBIOS SOBRE 2014



Indicado para o Supremo Tribunal Federal (STF) pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em 2003, o ministro Joaquim Barbosa é um duro crítico do quadro político brasileiro, mas procura deixar as portas abertas para uma eventual entrada nele. Em 14 de outubro, declarou que não quer ser candidato agora, mas "no futuro" poderá pensar sobre o assunto.

Joaquim Barbosa pode antecipar aposentadoria e tem até 5 de abril para se filiar a algum partido político, caso queira se candidatar à Presidência Foto: divulgação

Barbosa chegou a afirmar, em entrevista no Rio, que poderá antecipar a aposentadoria no STF para entrar na disputa de eleições. Nesse mesmo dia 14 de outubro, fez um arrazoado sobre o que acha da política atual, numa palestra proferida minutos antes da declaração em que citou o próprio futuro: "O voto obrigatório, a impossibilidade de candidaturas avulsas, o excesso assombroso do número de partidos, a mercantilização partidária, o coronelismo e o mandonismo na estrutura interna de certos partidos: eis um catálogo dos problemas do sistema político brasileiro".


Partidos não se empolgam


A fama de justiceiro que Joaquim Barbosa adquiriu com o julgamento do mensalão, no entanto, empolga pouco os partidos políticos. Dezesseis da 32 legendas do Brasil dizem que não filiariam o presidente do STF para a disputa do Planalto em 2014. Oito siglas afirmam que precisariam discutir bastante o assunto antes da decisão e apenas sete dizem que abririam as portas para ele. Crítico feroz do magistrado, o PT foi o único partido que não quis responder ao levantamento.


Por ser magistrado, o prazo de Barbosa para entrar em uma legenda não foi encerrado em 5 de outubro. Ele poderá se filiar a um partido político até seis meses antes da eleição, no dia 5 de abril do ano que vem.

Fonte: Diário de Nordeste.

Segunda-feira,02 de dezembro,2013

1 de dezembro de 2013

‘SINAIS ALARMANTES’, UM ARTIGO DE FERNANDO HENRIQUE CARDOSO




Finalmente se fez justiça no caso do mensalão. Escrevo sem júbilo: é triste ver na cadeia gente que em outras épocas lutou com desprendimento. Eles estão presos ao lado de outros que se dedicaram a encher os bolsos ou a pagar suas campanhas à custa do dinheiro público. 

Mais melancólico ainda é ver pessoas que outrora se jogavam por ideais ─ mesmo que controversos ─ erguerem os punhos como se vivessem uma situação revolucionária, no mesmo instante em que juram fidelidade à Constituição. 

Onde está a revolução? Gesticulam como se fossem Lenines que receberam dinheiro sujo, mas o usaram para construir a “nova sociedade”. Nada disso: apenas ajudaram a cimentar um bloco de forças que vive da mercantilização da política e do uso do Estado para se perpetuar no poder.

 De pouco serve a encenação farsesca, a não ser para confortar quem a faz e enganar seus seguidores mais crédulos.

Publicado no Estadão deste domingo (1º/12/2013)

FERNANDO HENRIQUE CARDOSO


Domingo,1º de dezembro,2013

30 de novembro de 2013

POLÍTICO INVESTIGADO? CARDOZO QUER SABER



A independência das investigações da Polícia Federal está comprometida desde o início do governo Dilma.

Por decisão de José Eduardo Cardozo e Leandro Daiello, diretor-geral da PF, um novo procedimento passou a ser exigido dos delegados: eles são obrigados a informar aos superiores se a sua operação policial envolve pessoas “politicamente expostas”. Sob Lula, não era assim.

Numa palavra, Cardozo e Daiello querem sempre saber se há políticos na mira da PF. A pergunta foi inserida num questionário do Centro Integrado de Inteligência Policial e Análise Estratégica, que monitora as ações nos estados. Nele, são informados dados básicos da operação, para que seja dado apoio logístico – o que é adequado.

Mas a partir da pergunta sobre os “politicamente expostos”, tornou-se usual o delegado que responde “sim” ser chamado para explicar melhor do que se trata a investigação – e quem é o alvo.

Por Lauro Jardim-Veja

Sábado,30 de novembro,2013

NÓS VAMOS TRANSFORMAR A EDUCAÇÃO PÚBLICA DO PAÍS




Pode até ter virado um repisado clichê, mas não custa repetir: o nosso maior desafio como nação é melhorar a qualidade da educação básica. Apesar dos avanços das últimas décadas, ainda estamos longe de vencer essa guerra.

Mais de 25% das crianças cursando o 4.º ano não sabem ler e escrever de forma adequada à sua série. Ainda temos Estados com cerca de 80% de alunos que não conseguem sequer produzir um pequeno parágrafo! (Prova ABC - 2013)

Mais de 50% dos jovens de 14 a 18 anos estão fora do ensino médio. A evasão está aumentando e apenas 10% dos que se formam no ensino médio dominam o conteúdo esperado para as suas séries

E a estatística recente que mais me chocou: cerca de 25% dos jovens brasileiros de 18 a 24 anos não completaram o ensino médio, não estudam e não trabalham (estudo da Fundação Seade, agosto 2013). Ou seja, estamos jogando pelo ralo o tal bônus demográfico brasileiro, um verdadeiro absurdo!

Com uma realidade dessas, como estranhar os fracos índices de produtividade do trabalhador brasileiro? Como reclamar e olhar com ares de surpresa para a existência do chamado apagão de mão de obra? Como não perceber aí a causa fundamental dos altíssimos índices de criminalidade (mais de 5 mil homicídios por ano, seis a cada hora!) e da enorme e devastadora desigualdade de renda presente em nosso país?

Particularmente, entendo que o desafio da melhoria da nossa educação pública não deve ser apenas delegado aos governos. Por sua relevância, é algo que requer o envolvimento de toda a sociedade civil.


JAIR RIBEIRO - O Estado de S.Paulo

Sábado,30 de novembro de 2013