Diversos políticos que
inicialmente apoiaram Jair Bolsonaro se distanciaram dele ao longo de seu
mandato e após. As razões para esses afastamentos variam, incluindo
divergências políticas, ideológicas.
Ministros e ex-Ministros
Alguns dos mais notáveis
afastamentos ocorreram entre seus próprios ministros, que deixaram o governo
com fortes críticas:
Sergio Moro:
Ex-ministro da Justiça e
Segurança Pública, Moro pediu demissão em abril de 2020 alegando tentativa de
interferência política de Bolsonaro na Polícia Federal.
Luiz Henrique Mandetta:
Ex-ministro da Saúde, Mandetta
rompeu com Bolsonaro no início da pandemia de COVID-19 devido a divergências
sobre as medidas de combate à doença, defendendo o isolamento social, enquanto
Bolsonaro minimizava a gravidade do vírus.
Gustavo Bebianno:
Ex-ministro-chefe da
Secretaria-Geral da Presidência e um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro
em 2018, Bebianno foi um dos primeiros a se afastar, em meio a desentendimentos
e acusações.
Parlamentares e Aliados
Políticos
No Congresso, muitos
parlamentares que inicialmente foram aliados ou eleitos na "onda
Bolsonaro" também se afastaram:
Joice Hasselmann:
Ex-líder do governo no
Congresso e deputada federal (PSL-SP), rompeu com a família Bolsonaro após uma
série de conflitos e acusações mútuas.
Alexandre Frota:
Deputado federal (PSDB-SP), um
dos apoiadores mais fervorosos de Bolsonaro na campanha, tornou-se um de seus
maiores críticos, após divergências com o governo.
Major Olímpio:
Ex-líder do PSL no Senado,
Major Olímpio (falecido em 2021) se afastou do presidente, criticando
publicamente algumas de suas ações.
Delegado Waldir:
Ex-líder do PSL na Câmara,
também teve um rompimento público com Bolsonaro, chegando a chamá-lo de
"vagabundo" em um áudio vazado.
Luís Miranda:
Deputado federal (DEM-DF), que
depôs na CPI da COVID-19, fez acusações contra o governo relacionadas à compra
de vacinas.
Jorge Kajuru:
Senador (Podemos-GO), embora
tenha tido momentos de reaproximação, também protagonizou atritos com o
ex-presidente.
Julian Lemos:
Ex-deputado federal pela
Paraíba e um dos coordenadores da campanha de Bolsonaro no Nordeste em 2018,
tornou-se um forte crítico do ex-presidente e de seus filhos.
OUTRAS FIGURAS
Além dos exemplos acima,
diversas outras figuras, incluindo militares e outros integrantes do governo,
também se distanciaram:
General Carlos Alberto Santos
Cruz:
Ex-ministro da Secretaria de
Governo, foi demitido após desentendimentos com o "núcleo ideológico"
do governo e críticas públicas a membros da base aliada de Bolsonaro.
Hamilton Mourão:
Vice-presidente durante o
governo Bolsonaro, embora não tenha rompido completamente, teve uma relação
marcada por distanciamentos e falas públicas que divergiam do presidente,
sentindo-se muitas vezes isolado.
É importante notar que o
cenário político brasileiro é dinâmico e as alianças podem mudar com
frequência. A lista acima representa alguns dos casos mais notórios de
políticos que se afastaram de Jair Bolsonaro desde o início de sua ascensão.
Claro! Além dos nomes já
citados, é importante destacar outros políticos que, por diferentes razões, se
afastaram ou tornaram-se críticos de Jair Bolsonaro, seja durante ou após seu
mandato:
FIGURAS DO ALTO ESCALÃO
MILITAR E DO GOVERNO
Ainda dentro do círculo mais
próximo, alguns militares e membros do alto escalão do governo também tiveram
seus distanciamentos, muitas vezes por divergências de métodos ou ideologias:
General Fernando Azevedo e
Silva:
Ex-ministro da Defesa, deixou
o cargo em março de 2021 em meio a uma crise militar e o desejo de Bolsonaro de
ter maior controle sobre as Forças Armadas, no atual governo estão todos na
coleira.
General Joaquim Silva e Luna:
Ex-presidente da Petrobras,
foi substituído em abril de 2022 após atritos com o governo sobre a política de
preços dos combustíveis.
Abraham Weintraub:
Ex-ministro da Educação, que
deixou o governo de forma conturbada em 2020. Embora tenha sido um aliado
ideológico, seu afastamento foi marcado por controvérsias e uma saída do país
em meio a investigações.
PARLAMENTARES E EX-PARLAMENTARES
A base parlamentar de
Bolsonaro também sofreu fissuras significativas ao longo do tempo:
Janaina Paschoal:
Deputada estadual por São
Paulo, que foi uma das vozes mais proeminentes na defesa do impeachment de
Dilma Rousseff e apoiadora de Bolsonaro em 2018. Com o tempo, ela se tornou uma
pedra no sapato com forte crítica de várias de suas políticas e posturas.
Soraya Thronicke:
Senadora (Podemos-MS),
inicialmente alinhada, tornou-se uma das maiores críticas de Bolsonaro no
Senado, especialmente durante a CPI da COVID-19, e foi candidata à presidência
em 2022 em uma plataforma de oposição a ele.
Delegado Waldir:
Ex-líder do PSL na Câmara,
teve uma relação tumultuada com Bolsonaro e seus filhos, culminando em um
rompimento público.
OUTROS CASOS DE AFASTAMENTO OU
CRÍTICA
Roberto Jefferson:
Ex-deputado federal e
presidente do PTB, inicialmente um apoiador fervoroso, teve um rompimento
dramático com o ex-presidente, culminando em eventos que o levaram à prisão.
Carla Zambelli:
Embora ainda seja uma aliada
fiel, Zambelli teve momentos de divergência ou atritos com outros membros do
círculo bolsonarista, mostrando as tensões internas da base.
É importante ressaltar que as
dinâmicas políticas são complexas. Alguns desses afastamentos podem ter sido
por diferenças ideológicas genuínas, enquanto outros foram motivados por
disputas de poder ou por questões legais e investigações em curso. A lista
reflete uma paisagem política em constante mudança.
Vamos aprofundar nas razões do
afastamento de alguns dos militares e generais que tiveram papéis proeminentes
no governo de Jair Bolsonaro e que, em algum momento, se distanciaram ou
tiveram suas relações estremecidas com o ex-presidente.
General Carlos Alberto Santos
Cruz (Ex-Secretaria de Governo)
Razões do Afastamento:
O General Santos Cruz foi um
dos primeiros militares de alto escalão a sair do governo, em junho de 2019,
apenas seis meses após o início do mandato. As principais razões foram:
Conflito com o "Núcleo
Ideológico": Santos Cruz defendia uma gestão mais técnica e pragmática, o
que o colocou em rota de colisão com a ala mais ideológica do governo, composta
por figuras como Olavo de Carvalho (influência filosófica) e filhos do
presidente. Ele criticava abertamente a "doutrinação" ideológica e os
ataques a setores da imprensa e instituições.
Ataques de Aliados de
Bolsonaro:
O general foi alvo de ataques
coordenados nas redes sociais por parte de influenciadores e grupos alinhados a
Bolsonaro, que o acusavam de ser "comunista" ou de se opor aos ideais
conservadores do governo.
Divergências sobre
Comunicação:
Havia um choque de visões
sobre como o governo deveria se comunicar. Santos Cruz defendia uma comunicação
mais formal e institucional, enquanto Bolsonaro e seus aliados preferiam o uso
direto das redes sociais para atacar adversários e defender suas pautas.
Seu afastamento marcou o
início de uma tendência de saída de militares que não se alinhavam
completamente com a agenda mais radicalizada do governo.
General Fernando Azevedo e
Silva (Ex-Ministro da Defesa)
Razões do Afastamento:
O General Fernando Azevedo e
Silva deixou o Ministério da Defesa de forma abrupta em março de 2021, em um
momento de profunda crise política e sanitária no país. Os motivos foram
complexos:
Pressão por Alinhamento
Político das Forças Armadas:
Bolsonaro desejava um
alinhamento mais explícito e ativo das Forças Armadas com suas pautas políticas
e ideológicas. Fernando Azevedo, assim como outros comandantes militares,
defendia a não politização das Forças Armadas, mantendo a instituição focada em
suas missões constitucionais e atuando como uma instituição de Estado, não de
governo.
Resistência a Atos
Antidemocráticos:
Em diversas ocasiões, havia
expectativa por parte de Bolsonaro e seus apoiadores de que as Forças Armadas
interviessem em crises políticas ou apoiassem manifestações de cunho
antidemocrático. O General Azevedo e os comandantes resistiram a essas pressões,
reiterando o compromisso com a Constituição.
Crise na Cúpula Militar:
A saída de Azevedo e Silva foi
seguida pela demissão inédita dos comandantes das três Forças (Exército,
Marinha e Aeronáutica) em sequência, demonstrando uma profunda insatisfação da
cúpula militar com as tentativas de politização da instituição por parte do
então presidente.
O afastamento de Fernando
Azevedo e a subsequente crise na Defesa indicaram a resistência dos militares
de carreira em serem usados como "braço político" do governo.
General Joaquim Silva e Luna
(Ex-Presidente da Petrobras)
Razões do Afastamento:
Embora não fosse um ministro,
Silva e Luna, um general da reserva, foi nomeado por Bolsonaro para presidir a
Petrobras e sua saída em abril de 2022 foi motivada por:
Divergências na Política de
Preços de Combustíveis: A principal razão foi a crescente insatisfação de
Bolsonaro com a política de preços da Petrobras, que seguia as flutuações do
mercado internacional (PPI - Preço de Paridade de Importação). Com a alta dos
combustíveis impactando sua popularidade, Bolsonaro passou a pressionar
publicamente a empresa para controlar os preços.
Acusações de "Lucros
Excessivos":
Bolsonaro e seus aliados
acusavam a Petrobras de ter "lucros excessivos" em detrimento do
consumidor, o que gerou um atrito constante com a gestão de Silva e Luna, que
defendia a autonomia da empresa e a necessidade de seguir as regras de mercado
para garantir investimentos.
A saída de Silva e Luna, e de
outros presidentes da Petrobras no período, refletiu a tentativa de Bolsonaro
de intervir em empresas estatais para fins políticos, gerando atrito com a
gestão técnica.
General Hamilton Mourão
(Ex-Vice-Presidente)
Razões do
Afastamento/Distanciamento:
A relação entre Bolsonaro e
seu vice, Hamilton Mourão, foi marcada por um distanciamento progressivo e
muitas vezes público, embora Mourão tenha permanecido no cargo até o fim do
mandato.
Divergências sobre Temas
Estratégicos:
Mourão frequentemente
expressava opiniões que divergiam das posições de Bolsonaro em temas como meio
ambiente, política externa, relações com o Congresso e até mesmo a pandemia de
COVID-19. Ele era visto como uma voz mais "moderada" dentro do governo.
"Esvaziamento"
Político:
Bolsonaro e seu círculo
próximo tendiam a "esvaziar" o papel de Mourão, delegando-lhe poucas
responsabilidades políticas relevantes e, em diversas ocasiões, o ignorando ou
criticando publicamente.
Falta de Confiança e
Isolamento:
Houve uma clara falta de
confiança mútua. Bolsonaro desconfiava da popularidade de Mourão e via suas
falas como tentativas de projeção própria, enquanto Mourão se sentia isolado e
sem espaço para contribuir efetivamente.
Disputa pelo Legado
Conservador:
A relação também foi marcada
por uma disputa velada sobre quem representaria o futuro da direita no Brasil,
especialmente após a derrota de Bolsonaro em 2022.
O caso de Mourão é um exemplo
de afastamento político e ideológico dentro da própria chapa, resultando em um
vice-presidente com pouca influência real no governo.
Esses exemplos ilustram como
as divergências ideológicas, as pressões políticas, a busca por autonomia
institucional e a própria dinâmica do poder levaram ao distanciamento de
militares que inicialmente compunham ou apoiavam o governo Bolsonaro.
Durante o mandato, o governo tornou-se
uma torre de babel, aliados de primeira hora ficaram decepcionados e o
resultado foi uma guerra fria para derruba-lo. Suas críticas ao STF criaram
inimigos mortais dentro da corte.
Postado pela Redação
Domingo, 22 de junho 2025 às 17:06