E se existisse uma taxa mágica,
capaz de prever o futuro de uma eleição? De passagem pelo Brasil no começo de
fevereiro, Clifford Young, diretor-gerente do Ipsos, um dos maiores e melhores
institutos do mundo, calculou em 85% as chances de Dilma Rousseff se reeleger
presidente. Faltou dizer que a previsão tinha prazo de validade – e ele estava
expirando.
O que não lhe faltava era
confiança, porém. Em abril de 2012, o Ipsos calculou os mesmos 85% de
probabilidade de reeleição de Barack Obama nos EUA. Não foi coincidência, mas o
resultado do mesmo modelo de projeção baseado em cálculos estatísticos. Como todo
modelo, seu sucesso depende da base de comparação – no caso, centenas de
eleições pelo mundo – e de algumas assunções.
A principal delas é que quem já
está no poder e quer continuar lá tem 2,6 vezes mais chances de vitória do que
um candidato apoiado por ele. Por essa assunção, a Dilma de 2014 é uma
candidata com mais do que o dobro de chances de vitória do que a Dilma apadrinhada
pelo então presidente Lula em 2010.
Quando Mr. Young fez sua
previsão, parecia que o governo Dilma estava no limiar do paraíso: 56% de
aprovação. Mas a notícia era velha, o quadro já estava mudando – e não era para
melhor.
Segundo a tabela de redenção
eleitoral do Ipsos, quando o governante tem de 40% a 45% de aprovação sua
chance de reeleição varia imensamente, de 54% a 81%. Pois Dilma está
escorregando célere para o purgatório da opinião pública. Nas pesquisas do
Ibope, a presidente caiu dos 56% de aprovação em dezembro para 53% em março e,
chegou, na semana passada, a 47%.
Para Mr. Young, a presidente só
precisa se preocupar se essa taxa cair abaixo de 40% – quando bate nessa marca,
a chance de vitória do governante seria a mesma de ganhar no par ou ímpar.
Outros cálculos, porém, mostram que o sinal vermelho no Palácio do Planalto já
deveria ter acendido em março.
José Roberto de Toledo
Sexta-feira, 25 de abril, 2014
Nenhum comentário:
Postar um comentário