Presidente do STF diz que 'desqualificação
da Corte merece o mais veemente repúdio'. Lula declarou resultado do
processo do mensalão foi '80% político'
O presidente do Supremo Tribunal
Federal (STF), ministro Joaquim Barbosa, rebateu de forma veemente na
segunda-feira (28/4) o comentário indecoroso do ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva sobre o julgamento do mensalão. Barbosa afirmou que o petista, ao
atacar a credibilidade da Justiça brasileira no julgamento, tem
“dificuldade" em lidar com a atuação de um Judiciário independente.
A manifestação do magistrado, que
chegou ao Supremo indicado por Lula e foi relator do processo do mensalão, é a
mais contundente desde que o ex-presidente negou em entrevista a uma emissora
de TV portuguesa, a existência do maior escândalo político da história do
Brasil e acusou o STF de fazer um julgamento com "praticamente 80% de decisão
política e 20% de decisão jurídica".
“O juízo de valor emitido pelo
ex-chefe de Estado não encontra qualquer respaldo na realidade e revela pura e
simplesmente sua dificuldade em compreender o extraordinário papel reservado a
um Judiciário independente em uma democracia verdadeiramente digna desse nome”,
disse o relator do mensalão.
No julgamento do escândalo
político, foram condenados os principais expoentes da cúpula do PT, entre os
quais o ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, o ex-presidente da sigla José
Genoino, o ex-presidente da Câmara dos Deputados João Paulo Cunha e o
ex-tesoureiro Delúbio Soares. Também acabaram atrás das grades banqueiros, como
a ex-presidente do Banco Rural Kátia Rabello, e empresários, como Marcos
Valério, condenado por operar o esquema criminoso.
A nota de Barbosa ampliou as
críticas feitas às declarações de Lula ao longo do dia por partidos da
oposição. O presidente do Supremo afirmou que a tentativa do petista de colocar
em suspeição o julgamento da Corte “emite um sinal de desesperança para o
cidadão comum, já indignado com a corrupção e a impunidade e acuado pela
violência”.
“A desqualificação do Supremo
Tribunal Federal, pilar essencial da democracia brasileira, é um fato grave que
merece o mais veemente repúdio. A ação penal 470 foi conduzida de forma
absolutamente transparente”, rebateu o ministro.
De acordo com o magistrado, não
faltaram provas para condenar os réus do mensalão – além de cerca de 600
pessoas indicadas para fornecer provas testemunhais, houve perícias do Banco
Central, Banco do Brasil, Polícia Federal e do Conselho de Controle de
Atividades Financeiras (Coaf). “Acusação e defesa dispuseram de mais de
quatro anos para trazer ao conhecimento do STF as provas que eram do seu
respectivo interesse”, disse.
Laryssa Borges, VEJA online
Segunda-feira, 28 de abril, 2014
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