Empenhada em viabilizar a
candidatura à Presidência da República pelo autoproclamado centro democrático,
a senadora Simone Tebet (MDB-MS) enfrenta dificuldades para montar palanques com
seu próprio partido, o MDB, e vê o parceiro PSDB cada vez mais distante em
alguns estados considerados estratégicos. O União Brasil, liderado pelo
pré-candidato da legenda na corrida presidencial, Luciano Bivar, começa a
ocupar o espaço que, até então, estava separado para os emedebistas.
Nos principais colégios
eleitorais do país, Tebet passará pelo constrangimento de dividir palanque não
só com Bivar, mas com os outros candidatos que estão à frente dela nas
pesquisas, como o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula
da Silva.
O último sinal de advertência
veio do Rio Grande do Sul, onde o ex-governador tucano Eduardo Leite declarou
apoio à candidatura de Bivar à Presidência em troca da presença do União Brasil
na coligação ao governo estadual. Por causa da demora do MDB gaúcho de
ratificar a aliança com o PSDB, Leite ofereceu a vaga de vice na chapa dele ao
União Brasil, em acordo selado na sexta-feira, em Porto Alegre. "Luciano
Bivar terá nosso vivo apoio, terá nosso palanque à disposição", declarou o
ex-governador, ao anunciar a aliança.
O ingresso do partido de Bivar
no palanque de Leite põe em risco a aliança nacional da terceira via. Uma das
exigências do PSDB para formalizar a coligação é, justamente, o apoio do MDB
gaúcho ao ex-governador tucano. Mas o partido de Tebet insiste em manter
candidatura própria, com o deputado estadual Gabriel Souza.
Em São Paulo, principal
colégio eleitoral do país, o PSDB também atraiu o União Brasil ao palanque do
governador Rodrigo Garcia, que tenta permanecer no cargo, tendo como vice um
nome indicado pelo novo aliado. Ao anunciar o ingresso do União Brasil na sua
base de apoio, Garcia declarou que o palanque paulista estará aberto tanto a
Tebet quanto a Bivar. Ao contrário da situação no Rio Grande do Sul, em que os
comandos nacionais de MDB e PSDB trabalham pela viabilidade da coligação entre
as duas legendas, em São Paulo, o acordo com o União Brasil teve a bênção dos
presidentes do PSDB, Bruno Araújo (PE), e do MDB, Baleia Rossi (SP).
Mesmo no estado de origem da
senadora, Mato Grosso do Sul, o palanque do MDB não assegura exclusividade. O
presidente Baleia Rossi reuniu-se, na semana passada, com o pré-candidato da
legenda, André Puccinelli, que ainda está construindo o arco de alianças para
disputar o governo estadual. Puccinelli avisou que, dependendo dessas
negociações, abrirá o palanque dele para outros pré-candidatos à Presidência.
No estado, foi impossível unir MDB e PSDB. Os tucanos sul-matogrossenses
fecharam com Eduardo Riedel, que apoia a reeleição de Bolsonaro.
Depois de se encontrar com
Casagrande, Tebet reconheceu que enfrenta divisões em seu próprio partido e
que, por isso, terá que se contentar com palanques duplos. "Não temos a
unanimidade do partido, mas teremos a unidade na convenção. Estaremos, sim, sem
nenhum problema, dividindo palanques nos estados", admitiu Tebet.
A maior dificuldade da
pré-candidata de centro, porém, será encontrar palanque disponível na Região
Nordeste e nos dois maiores colégios eleitorais do Norte. Maranhão, Rio Grande
do Norte, Piauí, Pernambuco, Bahia, Alagoas, Ceará, Amazonas e Pará já fecharam
com Lula. As lideranças se opuseram à formação da chapa da terceira via, com
PSDB e Cidadania, e foram liberados pela Executiva Nacional para fazer as
alianças que julgarem adequadas diante das realidades locais. O senador Renan
Calheiros (AL) e o ex-presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE), são os
principais líderes da dissidência do MDB pró-Lula.
(Com o correio Brasiliense)
Segunda-feira, 18 de julho 2022
às 12:49