Deputados do PSL, partido que
se fundirá ao DEM para criar a União Brasil, pressionam para que a futura sigla
apoie o ex-juiz Sergio Moro (Podemos) na disputa pela Presidência da República
no ano que vem. Um grupo desses parlamentares jantou com o pré-candidato na
quarta-feira (24/11).
No DEM, embora haja
resistências de políticos ao ex-juiz, a própria cúpula do partido também não
descarta apoiá-lo caso ele cresça nas pesquisas.
Em paralelo, enquanto a cúpula
do partido discute se terá candidato próprio ou apoiará outro nome, o
presidente do PSL, Luciano Bivar (PE), afirmou, em reunião com dirigentes na
terça (23/11), que ele mesmo pode ser pré-candidato pela União Brasil caso não
haja uma opção melhor.
Nos bastidores, Bivar está
sendo pressionado a apoiar Moro e foi estimulado a buscar compor uma chapa com
ele, como alternativa.
Atualmente, a União Brasil tem
apenas um nome apontado como presidenciável: o do ex-ministro da Saúde Luiz
Henrique Mandetta. Mas mesmo internamente aliados dele reconhecem a dificuldade
de ele se viabilizar e defendem que o partido apoie alguém competitivo.
Nesta quinta (25/11), Bivar
chegou a dizer que Mandetta havia retirado a própria pré-candidatura para
disputar um cargo no Congresso por Mato Grosso, o que foi negado pelo
ex-ministro.
"Eu sempre disse que
posso ser candidato ou posso apoiar outro candidato. Mas jamais desistirei do
Brasil. MÉDICO NÃO ABANDONA PACIENTE. Meu nome continua à disposição. A fusão
de DEM/PSL vai amadurecer. O que realmente precisamos debater são ideias, com
transparência e humildade", disse Mandetta, nas redes sociais.
A divergência de versões foi
atribuída nos bastidores por dirigentes da União Brasil a um mal-entendido com
Bivar, que teria entendido erroneamente a declaração de Mandetta na reunião de
terça.
Na ocasião, segundo o
ex-ministro relatou em entrevista à Globonews e foi confirmado por outro
participante, foram discutidos os cenários para as eleições de 2022, entre eles
os nomes mais viáveis.
À Folha de S. Paulo ACM Neto,
presidente do DEM e futuro secretário-geral da União Brasil, afirmou que
nenhuma decisão foi tomada na terça.
"Nós vamos analisar os
cenários. Não tomamos ainda nenhuma decisão sobre ter candidatura própria ou
não", disse.
A União Brasil defende uma
terceira via que rompa a polarização entre Jair Bolsonaro e o ex-presidente
Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
No encontro, do qual
participaram futuros dirigentes da União Brasil, ACM Neto, Mandetta e outros
defenderam que o partido apoie um nome que tenha viabilidade eleitoral.
Dirigentes disseram que o
ideal era a União ter um candidato próprio, mas que, se isso não fosse
possível, seria necessário analisar alianças.
Na reunião, a cúpula da União
Brasil discutiu até a possibilidade de atrair Eduardo Leite (PSDB) para o
partido, caso ele perca as prévias tucanas, para que se candidate. Leite é
considerado por ala do DEM o melhor nome da chamada terceira via.
Bivar também disse, segundo
relatos, que, se não houver opção, ele topa ser o candidato.
O nome de Sergio Moro foi
apontado como uma alternativa que tem ganhado peso no cenário eleitoral.
Internamente, um grupo do PSL
pressiona para que a legenda apoie o candidato. A divisão pode gerar até uma
debandada na legenda caso a sigla não apoie o ex-magistrado oficialmente.
No DEM, apesar de uma ala
resistir a Moro, o próprio Mandetta e o presidente da legenda, ACM Neto, não
descartam a possibilidade de apoiá-lo.
Neste cenário, Bivar tem sido
estimulado a colocar o próprio nome na corrida pelo Palácio do Planalto na
tentativa de se viabilizar como candidato a vice-presidente de Moro.
Um dos principais entusiastas
da candidatura de Moro é Júnior Bozzella (SP). Ele esteve entre os que jantaram
com Moro na quarta.
"Hoje, quem tem melhores
condições, quem tem densidade, num cenário nacional, é o Moro. Se amanhã
aparecer outra figura que nas pesquisas supere o Moro, vamos ter grandeza e
desprendimento para apoiar. Hoje, fotografia do momento não tem outra
alternativa", disse.
"Eu considero o Mandetta
desde que ele consiga crescer, o mesmo a [Simone] Tebet [do MDB], mas estamos
há um ano discutindo terceira via. Se Mandetta crescer eleitoralmente, acho que
ele tem condições, mas por ora o Moro está maior", disse.
Sobre a possibilidade de Bivar
ser candidato, Bozella disse que este cenário ainda não foi colocado pelo
presidente do PSL em discussão com os filiados.
Além de Bozella, outros seis
deputados jantaram com Moro na quarta em gesto de apoio ao pré-candidato,
segundo o parlamentar.
O ex-juiz deixou o governo
Bolsonaro em abril do ano passado e disparou críticas ao presidente, acusando-o
de ter tentado interferir na Polícia Federal.
Neste ano, o Supremo considerou
Moro parcial nos processos contra Lula. Com isso, foram anuladas ações dos
casos tríplex de Guarujá, sítio de Atibaia e Instituto Lula pela Lava Jato.
Esta é uma das razões pela qual Moro é rejeitado pela classe política.
Além de Moro, estão colocados
como opção para opção à polarização Bolsonaro-Lula os dois candidatos do PSDB
que disputam as prévias no partido -Eduardo Leite (RS) e João Doria- e a
senadora Simone Tebet (MDB-MS), que será lançada em breve pré-candidata à
Presidência.
O senador Alessandro Vieira Cidadania-SE
também se lançou na disputa, mas já disse que pode abrir mão da corrida para
apoiar um nome viável. Ele é simpático a Moro.
(FOLHAPRESS)
Sexta-feira, 26 de novembro
2021 às 10:49