O secretário-executivo do
Ministério da Saúde, Rodrigo Cruz, pediu nesta quarta-feira, 5, que a população
use máscara, evite aglomerações em ambientes fechados e se vacine para ajudar
no combate ao fenômeno que está sendo chamado de "flurona" - nome
dado à infecção simultânea por coronavírus e influenza.
Em seu perfil em uma rede
social, Cruz lembrou que casos de "flurona" já foram identificados no
País. As recomendações vão na contramão do presidente Jair Bolsonaro, que diz
não ter se vacinado e é crítico do uso da proteção no rosto para evitar a
propagação do vírus.
"Estamos enfrentando
tanto o vírus da #GripeH3N2, como a #Covid19, em que ambos atacam o sistema
respiratório e apresentam sintomas bem parecidos. Além dos cuidados não
farmacológicos, não deixem de se vacinar", escreveu. "Se estiver em
dúvida se é gripe H3N2 ou covid-19, faça um teste."
Além de promover aglomerações
com frequência, Bolsonaro defende, há meses, o fim da obrigatoriedade do uso de
máscara contra a doença. Em dezembro, o Bolsonaro subiu o tom contra o
equipamento de proteção durante uma cerimônia em homenagem ao Dia do Forró no
Palácio do Planalto. "Aqui é proibido usar máscara", disse.
O Estado de São Paulo já
registrou pelo menos 110 casos de "flurona". O levantamento foi feito
pela Secretaria de Estado da Saúde com base em dados de 2021 extraídos do
sistema Sivep-Gripe. Conforme a Prefeitura da capital paulista, 24 casos de
infecção dupla foram confirmados na cidade desde o início da pandemia. Há
ocorrências de codetecção em pelo menos três Estados do País.
A Secretaria da Saúde de São
Paulo informou que os dados levantados referem-se a casos hospitalizados que
tiveram positividade tanto para influenza quanto para SARS-CoV-2 por meio de
teste rápido de antígeno e/ou de RT-PCR. "Conforme definição do Ministério
da Saúde, somente os casos de síndrome respiratória aguda grave (Srag) são de
notificação compulsória", explicou a pasta. Não foi especificado se as
coinfecções têm aumentado ao longo das últimas semanas.
Há suspeitas de que as
coinfecções possam ter crescido a partir do final do ano passado porque o País
identificou surtos de influenza em diferentes regiões, como Rio de Janeiro e
São Paulo. Segundo especialistas, a alta de casos da gripe pode ter se dado
principalmente por conta da variante Darwin do H3N2, que escapa à vacina contra
influenza aplicada no Brasil neste ano.
Em sua postagem, o número 2 do
Ministério da Saúde afirmou que a Darwin "vem sendo cadastrada em nossos
sistemas, em vários Estados do país". Ele disse que "o uso de
máscaras, higienização das mãos" são medidas "sumariamente"
importantes e recomendou que "todos se vacinem contra a gripe".
"Evite aglomeração em
ambientes fechados, mantenha o ambiente arejado, lave as mãos com água e sabão,
ao tossir cubra o nariz e a boca com um lenço, use máscara de proteção, não
compartilhe objetos pessoais e evite tocar os olhos, nariz e boca",
recomendou.
O secretário explicou que a
H1N1 e a H3N2 são variantes do vírus sazonal da gripe Influenza A. Os sintomas
costumam aparecer de 1 a 4 dias, após a infecção. "Sintomas: picos de
febre alta, dor de cabeça, corpo e articulações, mal-estar, calafrios,
congestão nasal, tosse, garganta inflamada e fadiga", escreveu.
Segundo Cruz, o Instituto
Butantan está produzindo um imunizante que contém a nova variante. As vacinas
são atualizadas a cada ano, de acordo com a Organização Mundial de Saúde,
relatou. "A vacina será trivalente (H1N1, H3N2 e subtipo Darwin e cepa
B)", afirmou. "Será distribuída pelo SUS, em 2022."
*Estadão
Quarta-feira, 05 de janeiro
2022 às 14:54
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