“Deus escreve certo por linhas tortas” é um ditado que surge costumeiramente, sob alegação de que se trata de ensinamento da Bíblia. Na verdade, esta frase “non ecziste” no Velho Testamento nem no Novo Testamento, diria o saudoso Padre Óscar Quevedo. Realmente, o que há de mais próximo no Livro Sagrado de várias religiões está em Eclesiastes 7: 13 – “Atenta para a obra de Deus: Quem poderá endireitar o que ele fez torto?”.
Então, se Deus fez “torto” ou “escreve por linhas tortas”, isso não interessa. Deus é perfeito, mas é preciso reconhecer que há dificuldades em entender certas coisas e situações, sobretudo na política brasileira, que funciona completamente torta e fora das quatro linhas.
É interessante constatar que no Brasil as pesquisas eleitorais são envolvidas em um manto espantosamente sagrado. A grande imprensa recebe os dados e os divulga como se fossem incontestáveis.
Na verdade, qualquer um pode criar um “instituto de pesquisa”, dizer que foram ouvidas duas mil pessoas (ou até menos), num universo de 150 mil eleitores, espalhados neste país continente, o que significa ouvir menos de meia pessoa em cada município, e estamos conversados.
A imprensa e os analistas então divulgam e comentam esses números como se fossem mensagens divinas, insuscetíveis de erro, embora não signifiquem nada, absolutamente nada.
Basta citar o exemplo de Dilma Rousseff em 2018. Era a grande favorita para o Senado em Minas, segundo todas as pesquisas. No dia da eleição, o Datafolha dava Dilma Rousseff (PT) com 28%; Rodrigo Pacheco (DEM), 17%; Jornalista Carlos Viana (PHS), 14%; Fábio Cherem (PDT), 11% e Dinis Pinheiro (SD), 10%.
O resultado foi bem diferente: Pacheco, 20,49%; Viana, 20,22%. Pinheiro, 18,42% e Dilma, num vergonhoso quarto lugar, com apenas 15,32%. A ex-presidente petista acreditou nas pesquisas, comemorou com antecedência, depois foi aquela decepção que não passa nunca, perguntem a ela.
É por isso, meus amigos, que lhes digo: não acreditem em pesquisa eleitoral. Se você não aceita votar em Lula da Silva ou Jair Bolsonaro, tenha paciência. Espere mais um pouco, porque as coisas vão clarear e a chamada terceira ganhará consistência e viabilidade.
Assim, devemos acreditar que Deus está escrevendo certo por linhas tortas. Ou seja, os pré-candidatos Ciro Gomes e Simone Tebet logo vão entender que sozinhos não são nada, mas juntos podem formar uma chapa altamente competitiva, não importa quem esteja encabeçando.
*Tribuna da internet
Segunda-feira, 30 de maio 2022 às 14:58
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