Às
vésperas dos pleitos municipais, marcados para domingo, candidatos a prefeito e
a vereador lançam mão de redes sociais, ligações telefônicas e carreatas para
ganhar o eleitorado ainda reticente sobre quem escolher
A
48 horas das eleições, os 19,3 mil candidatos a prefeito e 518,3 mil
postulantes a vereador, nos mais de 5,5 mil municípios do Brasil, concentram as
forças pelo voto dos indecisos. As principais investidas devem ocorrer pelas
redes sociais, mas ligações telefônicas e carreatas fazem parte do arsenal de
busca por votos.
De
acordo com Melillo Dinis, analista do portal Inteligência Política, há uma
expectativa de que, em alguns municípios, até 50% dos eleitores deixem para
estas últimas horas a escolha do candidato a prefeito. No caso das vagas para
as câmaras de vereadores, o número pode chegar a 70% de indecisos. “Por isso,
os blocos de apoiadores lutarão, muito por meio das redes sociais e por
telefone. A população pode esperar receber ligação, mensagem eletrônica e muita
propaganda eleitoral nas redes sociais. Este momento é o sprint final, o
esforço do candidato, de sua equipe e de partidos”, destaca.
Outra
preocupação é convencer o eleitor a votar em plena crise sanitária provocada
pelo novo coronavírus. “A pandemia traz uma série de questões. Em São Paulo,
houve crescimento na pressão nos hospitais, e muita gente vai deixar de votar.
A minha expectativa é de que os dados de abstenção serão maiores”, ressalta.
Maior cidade do país, a capital paulista tem cerca de 3% dos eleitores ainda
indecisos, segundo pesquisa Ibope, divulgada na quarta-feira. Em um cenário em
que o prefeito e candidato à reeleição, Bruno Covas (PSDB), lidera com 32% das
intenções de voto, os eleitores que ainda não definiram seu escolhido podem
empurrar o pleito para o segundo turno. Atrás de Covas estão, embolados,
Guilherme Boulos (Psol), com 13%; Celso Russomanno (Republicanos), 12%, e
Márcio França (PSB), 10%.
A
indecisão de eleitores, país afora, pode provocar resultados diferentes
daqueles apontados por pesquisas eleitorais. “Estatisticamente, o voto do
indeciso pode trazer surpresas para o resultado final. Muitas vezes, ele não
decidiu em quem votar, mas sabe quem não quer que ganhe. Então, na última hora,
pode alterar todo o cenário”, afirma o especialista em direito eleitoral Acácio
Miranda.
Em
Goiânia, o candidato do MDB, Maguito Vilela, lidera com cerca de 30% dos votos.
Em seguida, aparece Vanderlan Cardoso (PSD), com pouco mais de 20% das
intenções do eleitorado. Já os indecisos representam 14%. “Nesses cenários, os
indecisos poderão representar a virada de um candidato ou a vitória de quem
está na liderança. Em muitos casos, quem está na liderança nas pesquisas acaba
levando uma vantagem na hora de ganhar voto desse eleitorado”, ressalta
Miranda.
Marqueteiros
da campanha do deputado federal Bacelar (Podemos-BA), que tenta a Prefeitura de
Salvador, Marcos Brazão e Vitor Hugo Machado apontam as redes sociais como
fundamentais para o momento. “Apostamos no alcance e no engajamento das
mensagens, propostas e apresentação do plano de governo. Sempre valorizamos a
mídia digital, mas a pandemia potencializou isso. Os eventos permitidos pelo
TRE (Tribunal Regional Eleitoral), como carreatas e reuniões virtuais, também
estão na agenda das próximas 48 horas.”
Candidata
à Prefeitura do Rio de Janeiro pelo PT, Benedita da Silva apostará no corpo a
corpo. “Para nós, do PT, a única estratégia que existe nas últimas 48 horas da
eleição é rua, rua e mais rua. É o corpo a corpo com o eleitor e a eleitora,
com a população das favelas e periferias que decidem na última hora em que vão
votar”, diz.
O
deputado federal Vincetino Júnior, presidente regional do PL em Tocantins,
acredita nas redes sociais como impulsionadoras, mas está rodando o estado para
apoiar as mais de 50 candidaturas a prefeito da região. Para ele, o mais
importante é o postulante ser claro e propositivo. “O povo anda desconfiado com
a classe política. As pessoas estão receosas de sair de casa para dar o voto.
Se não for transparente, propositivo e objetivo, o eleitor não sai de casa”,
argumenta.
Nem
sempre, porém, candidatos se sentem à vontade para revelar as estratégias
voltadas a estes dois dias. A equipe da candidata do PT à Prefeitura do Recife,
Marília Arraes, disse que não comentará as ações, “fundamentais para este final
de campanha”. Já o candidato a prefeito de Manaus, Romero Reis (Novo), confia
na sua participação no último debate de tevê, que seria realizado ontem, para
convencer os indecisos. Ele se inspira na experiência do atual governador de
Minas Gerais, Romeu Zema, da mesma legenda, que, em 2018, conseguiu crescer nos
debates televisivos e saiu das últimas colocações nas pesquisas eleitorais para
o segundo lugar no pleito, com 44,73% dos votos.
*Correio
Brasiliense
Sexta-feira,
13 de novembro, 2020 ás 11:30