Luziânia
e Planaltina de Goiás estão entre os 100 municípios do país com maior número de
assassinatos. Promotorias de Justiça da região acumulam pilhas de processos sem
provas sequer para identificar os suspeitos
A
60 quilômetros de Brasília encontra-se uma das cidades mais perigosas do
Brasil. Com 190 mil habitantes, Luziânia aparece no ranking do Mapa da
Violência como o 15º município com mais assassinatos no país em cinco anos. O
lugar não é o único. Planaltina de Goiás também está entre os 100 primeiros da
lista. A realidade violenta não é diferente no Entorno do Distrito Federal.
Crimes cruéis são registrados diariamente nas cidades goianas. Muitos deles
nunca são solucionados. Nas promotorias de Justiça, pilhas de processos se
acumulam sem provas para que os assassinos sejam identificados e denunciados.
Na última semana de março, pelo menos duas jovens foram estupradas e mortas na
região ao lado da capital.
Divulgado
no fim do ano passado, o Mapa da Violência revelou que em 10 anos, entre 2002 e
2012, Goiás registrou 18.576 homicídios — em todo o país foram 56.337.Nesse
intervalo de tempo, o aumento no estado foi de 113,7%. Entre as cidades do
Entorno do DF, Luziânia e Planaltina de Goiás aparecem entre os 100 municípios
brasileiros com mais mortes violentas entre 2008 e 2012. A primeira assume a
15ª posição nacional, com 670 homicídios no período. Planaltina vem em 75º, com
214. A pesquisa revela que os homicídios são a principal causa da morte de
jovens entre 15 e 29 anos no Brasil. As principais vítimas são homens, negros e
pobres. Nenhuma região administrativa do DF aparece nesta lista.
Apesar
de apenas as duas cidades do Entorno do DF se encontrarem no ranking, a
situação nos outros municípios que circundam a capital do país não é diferente.
Dados da Secretaria de Segurança Pública de Goiás (SSP-GO) mostram que, no ano
passado, 612 pessoas perderam a vida em homicídios ou latrocínios (roubo com
morte) em nove municípios: Luziânia, Cidade Ocidental, Valparaíso, Novo Gama,
Santo Antônio do Descoberto, Águas Lindas, Planaltina, Padre Bernardo e
Formosa. No mesmo período, as 31 regiões administrativas do DF contabilizaram
734 casos — 688 homicídios e 46 latrocínios.
O
Correio tentou debater os números com o secretário da pasta, mas Joaquim
Mesquita estava fora do estado por problemas pessoais e não pôde dar
entrevista. A Polícia Civil de Goiás foi procurada, mas não respondeu aos
questionamentos da reportagem.
Crueldade
Além
dos altos índices de assassinatos, as características dos crimes nos municípios
goianos ao lado do DF chamam a atenção: muitos são praticados com requintes de
crueldade. O promotor de Justiça Daniel Naiff da Fonseca acompanhou o caso, que
foi concluído com a prisão do assassino. O desfecho dos crimes violentos na
cidade, no entanto, não é regra. Somente na mesa do promotor, existem mais de
700 inquéritos de homicídio, muitos deles ocorridos há mais de 10 anos. “Em
alguns, só temos o boletim de ocorrência e não é possível chegar ao autores e
fechar o inquérito. De todos os homicídios, menos de 8% chegam a ser
concluídos”, afirma Daniel Naiff.
(Kelly
Almeida)
Terça-feira, 21 de abril, 2015
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