Pouco
antes de morrer, aos 90 anos, Luís Carlos Prestes declarou, num programa de
televisão, que os comunistas não tinham partido, e que o partido não tinha
comunistas. Respondia a uma das maiores iniquidades políticas jamais praticadas
entre nós, sua expulsão do PCB por um grupo de anões que a História sepultou.
O
tempo passou mas as lições do Cavaleiro da Esperança permanecem. O PT ainda não
rejeitou seu líder maior, mas a conclusão surge clara: os trabalhadores não tem
mais partido, e o partido não tem trabalhadores.
Dá
pena verificar os companheiros, com raras exceções, votando as medidas
provisórias que restringem direitos trabalhistas e previdenciários, do seguro
desemprego ao abono salarial e às pensões das viúvas, aplaudindo o aumento de
impostos e calando-se diante do lucro dos bancos. Como o Lula permanece em
silêncio, como fez durante algum tempo o velho Prestes, haverá que esperar o
inevitável. Não demora que os anões de hoje venham a afastar o
torneiro-mecânico de ontem. Dilma está
para Giocondo Dias assim como Aloísio Mercadante para Roberto Freire.
A
gente pergunta como foi possível o grupelho dito comunista renegar seu líder
maior e até, mais tarde, mudar de sigla, tornando-se um invertebrado PPS, linha
auxiliar do neoliberalismo. Mas não é que a História se repete como farsa? O Partido dos Trabalhadores perdeu os
trabalhadores e deixou de ser partido. Companheiros em profusão aderiram às
benesses do poder, alguns até mergulhando na corrupção desenfreada. Há anos que
não se tem notícia de protestarem contra a farsa do salário mínimo. Esqueceram a importância de conquistar os
meios de produção. Tornando-se primeiro em clubes recreativos, os sindicatos
transformaram-se em atalho para a burguesia.
Suas bancadas no Congresso apoiam a terceirização e não se lembram mais
da taxação das grandes fortunas. Acomodaram-se à sombra das mordomias. Preferem
ser consultores em vez de trabalhadores.
O
desfecho parece próximo. Fica a dúvida: quem representará os oprimidos? Foi o
Lula, um dia, mas fora uns poucos sabujos de agora, falta-lhe o suporte que
também faltou a Luís Carlos Prestes.
Náufragos solitários, restou a um, como ainda resta ao outro, cultivar o
inconformismo e acreditar na mudança. Recomeçar.
(Carlos
Chagas)
Quarta-feira,
27 de maio, 2015
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