Num
dos fronts mais intensos no Brasil de hoje se trava uma luta entre a
transparência e o segredo. No petrolão, na CBF e, sobretudo, no BNDES e algumas
outras escaramuças.
Lula
é um general do segredo e o PT, seu exército fiel. Só assim se pode interpretar
a alegria coletiva que ele e o partido demonstraram, em Salvador, com a
demissão de 400 jornalistas.
Na
história da esquerda no Brasil, mesmo antes do PT, os jornalistas sempre foram
considerados trabalhadores intelectuais. Não estavam no mesmo patamar mítico do
trabalhador de macacão, e eram respeitados. Um Partido dos Trabalhadores
celebrando a demissão de trabalhadores é algo que jamais imaginei na trajetória
da esquerda.
Lula
afirma que os jornais mentem, e parecia feliz com o impacto da crise, criada
pelo governo petista, num momento da história da imprensa em que a revolução
digital leva à necessidade de múltiplas plataformas. O argumento de que os
jornais mentem não justifica, num universo de esquerda, festejar demissões de
jornalistas. Por acaso Prestes achava que a imprensa dizia a verdade? Não creio
que Prestes e o Partido Comunista fossem capazes de festejar demissões de
jornalistas. O mais provável é que se solidarizassem com eles,
independentemente de seu perfil político.
Gastando
fortunas em hotéis de luxo, viajando em jatinhos de empreiteiras e ganhando
fábulas por uma simples palestra, Lula perdeu o contato com a realidade. E a
platéia do PT tende a concordar e rir com suas tiradas. Deixaram o mundo onde
somos trabalhadores e mergulharam do mundo do nós contra eles, um espaço onde é
preciso mentir e guardar segredos diante que algo arrasador: a transparência.
Por:
Fernando Gabeira
Sexta-feira,
19 de junho, 2015
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