Em
meio à superlotação no sistema público de saúde de Goiânia, o que vemos é um
grande número de pessoas do interior do Estado. Mas por que os municípios do
interior enviam pacientes a todo momento para a capital? Em princípio, os
procedimentos na capital deveriam acobertar casos de alta e média complexidade.
Porém, de acordo com o diretor do Departamento de Regulação, Avaliação e
Controle da Secretaria Municipal de Saúde, Cláudio Tavares, o que se vê que na
realidade são pacientes oriundos de cidades médias do interior acabam indo para
a capital realizar até consultas básicas.
“Recebo
reclamações frequentes de hospitais de ortopedia de Goiânia, de casos de
ambulâncias mandadas do interior que largam as pessoas próximas ao hospital
como se fossem daqui, para receber um atendimento que a cidade poderia cuidar”,
diz o diretor de Regulação. Além disso, Tavarez conta que muitos usam
comprovante de endereço de um contato de Goiânia e se dirigem a uma unidade de
saúde, como se fosse morador da capital. “Como há fraudes também, fica
complicado o controle. Apenas em Goiânia temos o registro de 1,4 milhão de
pessoas com cartões SUS”, explica.
A
dificuldade de controle é exemplificada por Tavares no caso de Palmeiras de
Goiás, onde no ano passado foi registrado apenas um parto durante todo o ano.
“O município recebe R$17 mil por ano para estes casos. O que resta entender é
que ou não foi feito o registro corretamente, ou então estas pessoas estão
sendo enviadas para outras cidade”.
De
acordo com dados do Cadastro Nacional dos Estabelecimentos de Saúde do Brasil
(CNES) / DataSUS de março de 2015, do Ministério da Saúde, existem em Goiás,
contando leitos de UTI, internação, enfermaria, obstetrícia, clínico, de
observação, reanimação, especialidades diversas, públicos estadual, federal e
municipal, próprios hospitais da Secretaria Estadual de Saúde (SES), privados e
filantrópicos 5.689 leitos SUS. Em Goiânia estão 3.497 leitos SUS. Visto que
este número não está sendo o suficiente.
Casa
recebe 700 pessoas no mês
A
Casa de Apoio Olinta Guimarães, é um exemplo de local que recebe pessoas vindas
do interior e que não tem onde ficar. Sua maior demanda corresponde a pessoas
do município de Itumbiara e outras cidades da Região Sul de Goiás. Embora o
fluxo de pacientes na Instituição seja maior por dia, a casa conta com 25 vagas
e atende por mês cerca de 700 pessoas. “A demanda de pessoas do interior em
busca de casas de apoio para atendimento em Goiânia é muito grande, por isso
não damos conta de todos, acontece isso todos os dias”, explica uma das
responsáveis pela casa, Patrícia Santana.
É
o caso da moradora de Itumbiara, Doracy Alves da Silva, de 61 anos, que com
suspeita de câncer no útero foi encaminhada depois de muita angustia e
dificuldade no diagnóstico para o Hospital Araújo Jorge. “Se tivessem hospitais
preparados no interior onde vivemos não teríamos que passar por isso”. “No
Hospital São Marcos, o maior de Itumbiara têm apenas oito leitos para atender
todos pacientes do sistema público, que vêm de todas as cidades da Região Sul
do Estado”, afirma.
A
também moradora de Itumbiara, Maria Leite Santos, de 73 anos, reclama que há
cinco anos vive com a dificuldade de ficar indo e voltando debilitada para sua
cidade enquanto segue com o tratamento do câncer. A filha, Eliamar Leite, de 53
anos, relata a dificuldade que enfrentam. “Nenhum hospital da Região Sul de
Goiás tem como tratar o que minha mãe precisa, é muito ruim para ela ter que ir
para outra cidade toda vez que precisa se tratar, e também é complicado para
mim e toda família, pois tenho que largar tudo lá, toda vez, pois não posso
deixá-la sozinha”, reclama da situação.
Solução
Como
auxílio para esta grande demanda, a situação pode ser melhorada em alguns
pontos do Estado, após o término de alguns hospitais. É o caso do Hospital
Regional de Uruaçu. Segundo a assessoria de imprensa da Agência Goiana de
Transportes e Obras (Agetop) que executa as obras de construção, estão
concluídas 60% da obra deste hospital e com previsão de entrega para 2016.
Por: Jéssica
Torres
Segunda-feira, 1º de junho, 2015
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