Ministro
do Supremo diz que é época da correção de rumos e lembra que prestação da
campanha petista ainda está em aberto
Ministro
do Supremo Tribunal Federal e ex-presidente do Tribunal Superior Eleitoral
(TSE), Marco Aurélio Melo disse ontem domingo (28/6) ao Globo que, diante da
revelações do delator da UTC Ricardo Pessoa, à Procuradoria-Geral da República,
de que R$ 7,5 milhões do petrolão irrigaram a campanha da presidente Dilma
Rousseff, em 2014, é preciso acreditar que as instituições funcionarão de forma
democrática, sem visões totalitárias, para levar a cabo as investigações. Ele
lembra que as contas da presidente Dilma ainda não foram aprovadas, e agora o
relator, ministro Gilmar Mendes, terá novos fatos para analisar. Para Marco
Aurélio, o julgamento da ação penal 470, do mensalão, provou que ninguém está acima
da lei. “Processo não tem capa, tem conteúdo”, disse o ministro do Supremo.
Como
ministro do Supremo, qual sua impressão sobre as revelações feitas pelo delator
Ricardo Pessoa, divulgadas pela revista Veja?
MARCO
AURÉLIO – O que percebo é que as coisas estão aflorando e revelando as
deficiências do sistema. É época de correção de rumos visando dias melhores
para esse sofrido Brasil. Mas digo que mil vezes o conhecimento dos fatos,
embora revelem os desmandos dos últimos tempos, do que empurrar tudo para
debaixo do tapete. Só lamento que a crise econômica, que ainda não chegou no
seu pior momento, ainda chegaremos em dias piores, agora se agrave com a crise
política e o esgarçamento das instituições. Temos que garantir que as
instituições funcionem para apurar todas as responsabilidades.
Essas
denúncias poderiam ensejar um reposicionamento do TSE em relação a eleição da
presidente Dilma?
MARCO
AURÉLIO – O Tribunal Superior Eleitoral ainda está com as contas da campanha da
presidente Dilma em aberto. O ministro Gilmar Mendes abriu prazo para avaliar.
Agora, evidentemente, ele terá que considerar esses novos fatos. Vamos aguardar
sem precipitações, ensejando o direito de defesa dos acusados desses desvios de
conduta. O que não dá é para partir para o justiça mento. Isso não coaduna com
os ares democráticos da Constituição de 1988.
Qual
o impacto dessas revelações sobre dinheiro de origem de propina na campanha da
presidente da República?
MARCO
AURÉLIO – É preocupante o quadro como um todo. Quantos anos vamos precisar para
recuperar os parâmetros de normalidade, levando em conta os desmandos dos
últimos anos? A presidente Dilma é uma pessoa honrada, mas a essa altura foi
completamente envolvida pelo sistema. Realmente me preocupo mais com a crise
política, porque a crise econômica mostra sinais de saída lá para 2016. Mas se
há crise política, fica desacreditada para tomar as medidas necessárias com
legitimidade.
O
senhor acredita que as instituições podem funcionar para levar adiante essa
investigação?
MARCO
AURÉLIO – Vamos acreditar que sim. Vamos acreditar no funcionamento das nossas
instituições democráticas, sem visões totalitárias nem de justiça mento. Temos
que observar que na atuação da ação penal 470, a grande leitura da atuação do
Judiciário brasileiro é que a lei vale para todos. Eu digo sempre e repito
agora: processo não tem capa, tem conteúdo.
(Agência
Globo)
Segunda-feira,
29 de junho, 2015
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