Depois
de um dia inteiro de reuniões a portas fechadas, que começaram por volta das 11
horas, o PSB formalizou na noite de quarta-feira(20/8) a indicação da
ex-senadora Marina Silva para encabeçar a chapa à Presidência da República. Às
20h20, Marina iniciou seu pronunciamento na sede do partido em Brasília. A
mensagem central do discurso foi de que o vínculo que existia entre ela e
Eduardo Campos, morto na semana passada e de quem a ex-senadora anteriormente
era vice, agora se estende ao PSB e à Rede Sustentabilidade: "Para mim,
tão importante quanto a criação da Rede é o crescimento do PSB. Estamos juntos
nesse sentido". Mas, apesar da retórica de união, Marina não subirá em
todos os palanques do PSB nos Estados. "Onde não tem consenso, o PSB terá
suas escolhas e a Rede as suas", disse.
O
deputado gaúcho Beto Albuquerque, que patinava na tentativa de se eleger ao
Senado neste ano, será o novo vice na chapa.
Ex-petista,
ex-ministra de Lula, Marina Silva, depois de sair das eleições 2010 com
patrimônio de quase 20 milhões de votos, passou a articular a criação de um
partido, a Rede Sustentabilidade. Seu propósito era concorrer ao Palácio do
Planalto neste ano por essa legenda, mas os planos foram frustrados pela
Justiça Eleitoral, que indeferiu o pedido de registro da agremiação por
problemas formais. Sem legenda, ela aceitou filiar-se ao PSB como vice numa
chapa encabeçada por Eduardo Campos, principal líder da sigla. Nos dez meses
entre o anúncio da parceria, o que transparecia é que a união era entre duas
personalidades políticas fortes, muito mais do que entre dois partidos. O
principal indício disso era na maneira como Marina se recusava a endossar
algumas alianças do PSB nos estados. Ela não escondia que viabilizar a Rede no
aspecto legal era sua prioridade. É justamente essa a grande novidade no
discurso de hoje: o fato de ela colocar PSB e Rede no mesmo plano.
"Sinto-me
parte solidária e interessada que o PSB leve adiante os planos de futuro
partidário que tinham a inspiração de Campos. Sem Eduardo, temos hoje o que
sempre nos uniu: a consciência clara de onde queremos chegar juntos. O programa
é o pacto selado, o acordo maior que nos une", disse.
Mas
o fato é que as arestas não foram aparadas: as divergências entre o PSB e os
"marineiros" nos palanques estaduais continuam. "Hoje temos 14
estados com Rede e PSB juntos. O que foi decidido em termos de coligação é que
o PSB tinha o direito de escolher essas alianças e que eu seria preservada de
ter que apoiá-las. Nesse momento, permanece o mesmo que fizemos", afirmou
Marina. "O Beto representará o PSB junto a essas alianças e eu estarei ao
lado dos candidatos do PSB a deputado estadual e federal como já estava
antes."
Campos
– O luto pela trágica morte de Campos permeou a longa jornada de negociações e
também se refletiu no discurso de Marina, que se emociou e teve de interromper
a fala com a voz embargada. "Tudo aquilo que fizemos juntos é o que
faremos daqui pra frente. Quero agradecer a todos vocês que comigo e Beto...
Beto e eu... é difícil. A gente falava Eduardo e Marina", disse, ao se
apresentar pela primeira vez como parte de uma nova chapa.
A
partir desta quinta-feira, Marina terá pouco mais de dois minutos na propaganda
eleitoral de rádio e televisão. ( Marcela
Mattos e Talita Fernandes)
Quinta-feira,
21 de agosto,2014.
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