Cerca
de 4,4 milhões (6,5%) de domicílios brasileiros sobreviveram, em julho, apenas
com a renda do auxílio emergencial pago pelo governo federal para enfrentar os
efeitos econômicos da pandemia de covid-19. Entre os domicílios mais pobres, os
rendimentos atingiram 124% do que seriam com as rendas habituais, aponta estudo
publicado na quinta-feira (27/8) pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada
(Ipea).
A
ajuda financeira também foi suficiente para superar em 16% a perda da massa
salarial entre as pessoas que permaneceram ocupadas, segundo a análise que usa
como base os micros dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD)
Covid-19 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
“Pela
primeira vez, desde o início da pandemia, o auxílio emergencial compensa em
média mais que a diferença entre a renda efetiva e a habitual. Ou seja, entre
os que permaneceram empregados, a renda média com o auxílio já é maior do que
seria habitualmente”, disse, em nota, o economista Sandro Sacchet, autor da
pesquisa intitulada “Os efeitos da pandemia sobre os rendimentos do trabalho e
o impacto do auxílio emergencial: os resultados dos micro dados da PNAD
Covid-19 de julho. ”
Segundo
o estudo, em geral, os trabalhadores receberam em julho 87% dos rendimentos
habituais (4 pontos percentuais acima do mês anterior) – R$ 2.070 em média,
contra uma renda habitual de R$ 2.377. A recuperação foi maior entre os
trabalhadores por conta própria que receberam em julho 72% do que normalmente
recebiam, contra 63% em junho, alcançando rendimentos efetivos médios de R$
1.376.
Já
os trabalhadores do setor privado sem carteira assinada receberam em julho 85%
do habitual (contra 79% no mês anterior). Trabalhadores do setor privado com
carteira e funcionários públicos continuaram a obter, em média, mais de 90% do
rendimento habitual.
De
acordo com o levantamento, a redução da diferença entre a renda efetiva e a
habitual foi generalizada pelas regiões do país. No Nordeste, a renda efetiva
subiu de 81,3% do habitual em junho para 86,7% em julho, enquanto o
Centro-Oeste continua a região menos impactada (89,7%).
Conforme
o estudo, o efeito da pandemia continua mais severo entre os idosos (83,5%) e
menor entre os mais jovens (88,6%), e o impacto na renda foi menor entre aqueles
com ensino médio ou superior (85,7% para trabalhadores com médio completo e
89,4% para aqueles com ensino superior). (ABr)
Quinta-feira,
27 de agosto, 2020 ás 12:00
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