Em
momentos tensos como os da reta final desta eleição presidencial, em que se
disputa ainda quem vai para o segundo turno ou, no limite, se a disputa termina
já no primeiro turno com a reeleição da presidenta Dilma, as teorias da
conspiração andam soltas e, junto com muitas desconfianças indevidas (se as
urnas eletrônicas são seguras é uma pergunta muito comum nestes últimos dias),
surgem ações, como a dos Correios a favor do PT, que justificam o alerta que
está sendo dado.
A
confissão do deputado petista de que "há o dedo" dos militantes
petistas dos Correios na subida de intenção de votos da presidente Dilma em
Minas é de uma clareza exemplar, e o presidente dos Correios, Wagner Pinheiro,
ouvindo tudo aquilo calado, como se estivesse recebendo um elogio. No fundo,
era um elogio mesmo o que o deputado estava fazendo.
O
aparelhamento dos Correios pelo PT parece ter efeitos disseminados pelo país,
prejudicando principalmente candidatos a deputado federal de outros partidos em
diversos estados. O PSDB está recebendo informações de candidatos de outros
partidos que também estão se considerando afetados por essa estranha falha
seletiva dos Correios.
Fatores
extracampo podem afetar o resultado da eleição, ainda mais quando a nossa Justiça
Eleitoral, como todo o aparelho judicial, é lenta. Os repetidos casos de
governadores que são cassados depois de exercerem a maior parte de seus
mandatos não nos deixam mentir.
Aliás,
caminhamos para uma grave crise institucional no próximo governo, seja qual for
o eleito. O processo em curso da delação premiada do ex-diretor da Petrobras
Paulo Roberto Costa e do doleiro Yousseff vai colocar no caminho da cadeia uma
leva de políticos e autoridades que serão eleitos dentro de poucos dias. A
acreditar nas palavras do ministro Teori Zavascki, são deputados, senadores e
governadores que se locupletaram com as verbas da Petrobras.
Disse
o ministro do supremo tribunal Federal, ao chancelar o acordo de delação
premiada, que há nos depoimentos de Paulo Roberto indicações de "vantagens
econômicas ilícitas oriundas dos cofres públicos" (...) "distribuídas
entre diversos agentes públicos e particulares" Confirmando o noticiário
que tem saído na imprensa, Zavascki disse que "(...) há elementos
indicativos, a partir dos termos do depoimento, de possível envolvimento de
várias autoridades detentoras de prerrogativa de foro perante tribunais
superiores, inclusive de parlamentares federais".
Além
do STF, portanto, governadores que têm foro no Superior Tribunal de Justiça
(STJ) estão na lista dos denunciados. Esse é um tema que continuará pautando os
debates políticos nesta eleição e que pode afetar o resultado dela caso surjam
novos vazamentos dos depoimentos.
Outro
fato que pode afetar o resultado final da eleição, especialmente na definição
de quem será o adversário da presidente Dilma no segundo turno, é a estrutura
partidária, o que favorece o candidato tucano, Aécio Neves. Referindo-se à eleição
de 1989, de que ele participou como um dos apoios políticos do então candidato
Collor de Mello, o dirigente nacional do PTC Daniel Tourinho acha que a
candidata do PSB, Marina Silva, em razão da fragilidade da sua estrutura
partidária, deverá perder algo em torno de 4% dos votos no dia da eleição, e,
em sentido inverso, o candidato do PSDB, com uma estrutura partidária muito
mais capilarizada, deverá crescer cerca de 4%.
Ele
lembra a eleição de 1989, quando, logo após a apuração do primeiro turno, a
primeira pesquisa dava a Collor uma vantagem de 15 pontos percentuais frente a
Lula. À véspera da eleição, porém, essa diferença estava reduzida a 1%. Ou
seja, um quadro claro de ascensão de Lula e queda de Collor. Ao final da
apuração dos votos do segundo turno, o resultado apontava a vitória de Collor
com 5% de votos a mais do que Lula.
Para
ele, a fragilidade da estrutura partidária da candidatura de Lula àquele tempo
ante a que dava apoio a Collor fez a diferença.
Merval
Pereira
Sexta-feira,
03 de outubro, 2014
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