Certas
coisas, só no Brasil. Estamos assistindo a missa de réquiem celebrada pelo
próprio defunto. No caso, foi o governo que morreu, e o celebrante é a
presidente Dilma. Não dá para entender como Madame fornece, dia a dia, mais
argumentos para seu sacrifício. Ainda agora pediu ao Tribunal de Contas da
União mais quinze dias para responder às acusações de haver extrapolado a Lei
de Responsabilidade Fiscal e maquiado contas que não poderia. A presidente já
havia conseguido quinze dias de prorrogação. Outro tanto seria exagero
inexplicável, mas o Advogado Geral da União solicitou. Ontem, veio a recusa da
maioria do plenário daquela corte, óbvia derrota do governo, capaz de fazer
supor que no julgamento do mérito, repita-se o placar.
Não
havia ao lado de Dilma um só assessor capaz de alertá-la para ficar quieta, sem
endossar o pedido considerado abusivo? O objetivo final é evitar a rejeição das
contas
Aproxima-se
a hora de o TCU decidir, e se as contas da campanha de 2014 forem consideradas
irregulares, caberá ao Congresso pronunciar-se. Como pena máxima, se assim for
decidido, estará a perda de mandato.
A
conclusão é de que Dilma forneceu argumentos para sua degola, mesmo não se
tendo certeza do julgamento final do Tribunal de Contas da União ou da
disposição do Congresso de sacrificá-la. A imagem, realmente, é da missa de
réquiem celebrada pelo defunto, porque da reeleição até agora, a presidente tem
incorrido numa série de erros fundamentais. Negou de pés juntos que vivíamos
uma crise econômica, jurou que inexistiam razões para a volta da inflação.
Prometeu que não reduziria o número de seus ministros. Desautorizou o ministro
da Fazenda, no qual depositara ilimitada confiança, anulando uma série de
iniciativas adotadas por Joaquim Levy e depois tornadas sem efeito. Obrigou-se
a engolir a renúncia do vice-presidente Michel Temer da condição de coordenador
político. Suas relações com o Lula se deterioraram, ao tempo em que ao menos
numa votação o PT posicionou-se contra ela. Foram várias suas derrotas no
Congresso, culminando com o desembarque do presidente da Câmara. Numa palavra,
graças à chefe do governo, piora a cada dia sua já instável segurança.
NOMEAR
E DEMITIR
Apesar
de haver ficado para o final de janeiro a recomposição ministerial, com a
extinção de dez ministérios, um conselho tem chegado à presidente Dilma,
daqueles praticados por Tancredo Neves quando compunha sua equipe: “jamais
nomeie quem não puder demitir”.
Carlos
Chagas
Quinta-feira,
27 de agosto, 2015
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