O mau tempo impediu que o ministro de
Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, se encontrasse com o presidente
paraguaio, Mário Abdo Benítez, nesta segunda-feira, 3, para discutir ações
conjuntas contra o narcotráfico na fronteira entre o Brasil e o Paraguai.
Conforme sua assessoria, o presidente não conseguiu decolar da capital,
Assunção, para o local do encontro, em Pedro Juan Caballero, que divide a
fronteira com a cidade brasileira de Ponta Porã (MS).
Pela
mesma razão, a ministra de Segurança da Argentina, Patricia Bullrich, cancelou
a ida ao encontro. O avião da Força Aérea Brasileira (FAB) que levava o
ministro Moro também não conseguiu chegar ao aeroporto de Pedro Juan e aterrissou
em Dourados, a cerca de 120 quilômetros.
O
ministro decidiu fazer o percurso de carro, escoltado pela Polícia Federal. Ele
foi recebido pelo ministro paraguaio Arnaldo Giuzzio e visitou a Secretaria
Nacional Antidrogas (Senad).
Moro
acompanhou o desenvolvimento da Operação Nova Aliança, que teve início em 30 de
maio, no lado paraguaio da fronteira, e reúne forças da Polícia Nacional do
Paraguai e da Polícia Federal brasileira. Além da eliminação do cultivo de
maconha e apreensão da droga, materiais usados na comercialização também serão
apreendidos.
O
ministro disse que a operação enfraquece o crime organizado. “Queremos
intensificar as ações, agora com o interesse da Argentina em participar,
prendendo os líderes das organizações, identificando e confiscando patrimônio,
apreendendo drogas e erradicando plantações, como ocorreu agora”, afirmou.
Em
entrevista coletiva, Moro disse que as ações de inteligência e investigação têm
colaborado para o crescimento das apreensões. “Estamos investindo em operações
que desmantelam as organizações criminosas”, ressaltou.
Conforme
o secretário de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antonio
Carlos Videira, o combate ao tráfico passa necessariamente pela ação no
território do país vizinho. “Somos o corredor dessa grande produção e apenas
apreender o que é transportado não resolve. Este ano, apenas nosso Departamento
de Operações da Fronteira apreendeu mais de 47 toneladas de drogas. ”
O
diretor-geral da PF, Maurício Valeixo, afirmou que a operação Nova Aliança
comprova que as polícias brasileira e paraguaia podem atuar conjuntamente no
combate ao crime organizado. “É de suma importância a operação, que se realiza
há muitos anos com resultados positivos. Não existe outra forma de enfrentar a
criminalidade transnacional se não atuarmos em conjunto. ”
Em
dois dias de operação, foram erradicados 61 hectares de plantação e incineradas
183 toneladas da droga. Estima-se que 80% da maconha produzida no Paraguai
tenha o Brasil como destino.
Também
foram destruídos cinco acampamentos e prensas usadas para preparar a droga. Nos
últimos anos, organizações criminosas que atuam em presídios brasileiros, como
o Comando Vermelho (CV) e o Primeiro Comando da Capital (PCC), travam uma
guerra pelo domínio do tráfico na fronteira.
Desde
o início do ano passado, pelo menos 180 pessoas relacionadas com o tráfico
foram assassinadas nos dois lados da fronteira. Numa das ações violentas mais
recentes, seis pessoas foram mortas a tiros de fuzil, no último dia 22, em
Pedro Juan Caballero – cinco paraguaios e um brasileiro. Conforme autoridades
paraguaias, as duas facções já assumiram parte do controle das lavouras para
verticalizar a produção da droga.
(Estadão
Conteúdo)
Terça-feira,
4 de junho, 2019 ás 8:00
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