O
impacto negativo da não aprovação da reforma da Previdência é de 0,15 ponto
porcentual no Produto Interno Bruto (PIB) de 2018, afirmou nesta quinta-feira,
14, o secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Fábio Kanczuk.
Pelas projeções oficiais, a economia deve crescer 3% no ano que vem (antes, a
estimativa era expansão de 2%). Se as novas regras para se aposentar no país
não forem aprovadas, o crescimento seria de 2,85%.
Com
a aprovação da reforma, o impacto positivo é de 0,3 ponto porcentual - ou seja,
o crescimento iria a 3,3%. “O mercado coloca que a probabilidade de aprovar a
Previdência neste governo é de um terço”, disse Kanczuk, citando cálculos do
Ministério da Fazenda. “Se a Previdência for aprovada, o choque positivo é mais
forte do que o negativo, caso ela não seja aprovada”, afirmou.
Para
este ano, a projeção oficial de crescimento do PIB foi elevada de 0,5% para
1,1%. O Orçamento do próximo ano, aprovado na quinta-feira pelo Congresso, já
considerava uma alta de 2,5% no PIB no ano que vem. No Focus, boletim divulgado
pelo Banco Central, os economistas preveem um crescimento de 2,62% em 2018.
“Essa projeção está um pouco acima da média
das estimativas dos analistas, mas achamos que é uma previsão bastante
conservadora e sólida. Revisão é produtos de reformas, e já houve um aumento muito
grande da confiança, do investimento e do consumo”, argumentou Meirelles.
“Temos uma conjugação de fatores positivos.”
Expectativa
Para
a economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif, até a última quarta-feira,
quando o senador Romero Jucá (PMDB-RR) declarou que os presidentes do Senado e
da Câmara haviam feito um acordo para adiar a votação da reforma para o ano que
vem, o mercado via uma janela de possibilidade de aprovação ainda este ano.
Zeina não conta que a reforma seja aprovada em 2018.
“O
governo tem mantido essa ‘cenoura’ para atrair o mercado, mas isso também é
perigoso, porque o investidor vai se cansando. Se o governo não acredita na
aprovação da reforma, é melhor não prometê-la.”
Na
avaliação do economista Mauro Schneider, da MCM, o que ainda pode jogar a favor
da reforma é a consolidação da recuperação da economia. “Avançar nessa agenda
de reformas é uma parte das melhoras.”
“Pior
do que não passar em 2018 é não passar nem em 2019. Seria mortal para a
evolução da economia. O impacto maior no ano que vem viria dos preços de
ativos, que ficariam mais voláteis, e com as agências de classificação de risco
baixando a nota do Brasil. Se eu estivesse nas agências, baixaria duas notas,
para sinalizar o que significa não mudar a Previdência”, diz Sergio Vale, da MB
Associados.
Vale
lembra que a não aprovação do texto comprometeria a estrutura de gastos
públicos. “É uma pena que os congressistas ainda não entenderam que não é uma
questão eleitoral. É um tiro de metralhadora no pé.”
Confirmada
ou não a perspectiva de um crescimento menor do País no ano que vem, caso a
reforma não seja aprovada, 2018 será um ano de forte oscilação na Bolsa, avalia
Thiago Xavier, da Tendências Consultoria. “O ano deve ser de turbulência, tanto
pela eleição quanto pelo adiamento da reforma. A medida em que o ciclo
eleitoral se aproxima, mais difícil fica.” (AE)
Sexta-feira,
15 de dezembro, 2017 ás 10hs15
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