A
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, manifestou-se na terça-feira (7/11) contra a Proposta de Emenda
Constitucional (PEC) 412/09, que pretende dar autonomia funcional e
administrativa à Polícia Federal (PF), órgão atualmente subordinado ao Ministério
da Justiça.
Na
terça (7), o Conselho Superior do Ministério Público Federal (CSMPF) aprovou o
envio de uma comunicação à Câmara em desaprovação à proposta. Para Dodge, há
“uma situação clara em que um quinto poder ressurgiria desse modelo constitucional
se essa PEC vier a ser aprovada, um modelo em que um desses poderes teria a
força e certamente a força armada”.
Dodge
afirmou que a autonomia da PF teria o potencial de ameaçar o próprio Estado
Democrático de Direito como conhecido no Brasil.
“A
proposta, como enfatizado aqui [no Conselho], ela tem essa gravidade de alterar
o modelo do Estado que temos. Parece simples a fórmula de autonomia funcional e
administrativa, mas ela atinge o que há de mais essencial no modelo de
separação de Poderes e no modelo de freios e contrapesos”, disse a
procuradora-geral da República durante a sessão do CSMPF.
A
PEC 412/09 tem dividido opiniões ao longo dos anos, mas a defesa por sua
aprovação ganhou impulso desde o início da Operação Lava Jato. O relator da
proposta na Câmara, deputado João Campos (PRB-GO), apresentou parecer favorável
à sua aprovação, argumentando que o Ministério Público e a Defensoria Pública
já possuem a mesma autonomia pleiteada para a PF. “Logo, garantir a autonomia
funcional, administrativa e orçamentária à Policia Federal significa dar
tratamento paritário a essa instituição”, escreveu o deputado em seu parecer.
O
projeto tem origem em uma iniciativa da Associação Nacional dos Delegados da
Polícia Federal (ADPF), com a justificativa de afastar interferências políticas
e garantir a autonomia de investigações.
Outras
categorias de servidores da PF – como agentes, escrivães, papiloscopistas e
outros – criticam a PEC, que dizem promover uma falsa autonomia ao órgão,
atendendo a demandas específicas da classe dos delegados, aumentando o poder
desses sobre as demais carreiras.
Atualmente,
o parecer do deputado João Campos pela aprovação da PEC 412 encontra-se pronto
para ser votado na Comissão de Constituição e Justiça da Câmara. (ABr)
Quarta-feira,
8 de novembro, 2017 ás 00hs05
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