Levantamento
do Núcleo de Inteligência da Justiça Eleitoral identificou 12.172 casos de
inconsistência nas doações e nos gastos da campanha de 2018, envolvendo R$ 42,3
milhões. Entre os casos com indícios de irregularidades estão doações feitas
por mortos, por desempregados e por beneficiários do Programa Bolsa Família.
A
amostragem foi feita pelo Tribunal de Contas da União (TCU) com base na
movimentação declarada à Justiça Eleitoral e disponível até 29 de setembro.
Integram o Núcleo de Inteligência da Justiça Eleitoral, além do TCU, o
Ministério Público Federal (MPF), o Conselho de Controle de Atividades
Financeiras (Coaf), a Receita Federal (RFB) e o Departamento de Polícia Federal
(DPF).
O
TCU identificou 113 inscritos no Bolsa Família que doaram R$ 87.446, sendo que
um destinou R$ 4 mil para campanha eleitoral. Segundo a lei eleitoral, a doação
de pessoa física está limitada a 10% dos rendimentos brutos do ano anterior ao
do pleito. Há nove doadores mortos, totalizando R$ 7.350.
Incompatível com a renda
Pelo
levantamento do TCU, 211 pessoas fizeram doações incompatíveis com a renda
declarada à Receita Federal, num total de R$ 3,2 milhões. Cinco pessoas doaram
mais de R$ 100 mil, valor incompatível com seus ganhos, conforme a amostragem
do TCU. Há também 3.907 doações de desempregados, sendo que 27 destinaram mais
de R$ 10 mil.
Foram
identificadas 7.202 doações feitas por empregados de uma mesma empresa, num
montante de R$ 6,8 milhões. Chamou a atenção o caso de dez funcionários de uma
construtora que doaram R$ 14 mil cada um, todos com nomes que começam pela
letra ‘A”.
Recursos recebidos de
partidos
Entre
os fornecedores estão 29 empresas constituídas a partir de 2015, com sócios
filiados a partidos políticos, que receberam R$ 17 milhões nesta campanha
eleitoral. Um exemplo apontado pelo TCU foi de uma prestadora de serviços, aberta
em abril deste ano por um filiado a partido político, que ganhou R$ 15 milhões.
Outras 122 firmas de parentes de candidatos foram contratadas para a campanha
por R$ 1,8 milhão.
Segundo
a amostragem, 193 companhias com reduzido número de empregados que ganharam R$
4,1 milhões nesta campanha eleitoral. Um exemplo é uma prestadora de serviços,
com apenas um funcionário, contratada por um candidato por R$ 661 mil. Outras
296 empresas têm como sócios beneficiários do Bolsa Família e receberam R$ 5,2
milhões. Uma microempresária individual, beneficiária do programa, prestou
serviços eleitorais no valor de R$ 534 mil.
Há
90 fornecedores sem registro na Junta Comercial ou na Receita Federal que
movimentaram R$ 298 mil na campanha. As informações do TCU servirão de base
para apuração de irregularidades. A Justiça Eleitoral utiliza os dados para o
exame da prestação de contas dos candidatos e partidos.
Segundo
técnicos do TSE, a quantidade de casos e os valores suspeitos apontados pelo
TCU “são pequenos e podem ser explicados em boa parte pela predominância do
financiamento público das campanhas eleitorais”. Até 30 de setembro, o
financiamento público respondia por 78% dos gastos, conforme prestações de
contas à Justiça Eleitoral. Neste ano, o Fundo Especial de Financiamento de
Campanha destinou R$ 1,7 bilhão para os partidos políticos.
O
financiamento privado, equivalente a 22% da movimentação das campanhas,
divide-se em 10% de autofinanciamento e 12% de recursos de doações de pessoas
físicas. (ABr)
Terça-feira,
02 de outubro, 2018 ás 20:00
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