Enfim,
chegamos ao final dessa eleição que teve de tudo, até candidato presidiário e
facada no líder das pesquisas. Se houve algo estável em toda a campanha, desde
o primeiro turno, foi a dianteira firme e segura do candidato Jair Bolsonaro,
do PSL, um capitão reformado que está há 28 anos na Câmara e meteu os filhos na
política, mas surge como “o novo”, para fazer “tudo diferente”.
Acaba
a eleição, vem aí a prova dos 9. O grande marco de 2018 foi o fim da disputa PT
versus PSDB, que atravessou décadas desde 1994, e o início da polarização PT
versus Bolsonaro, mas com fortes mudanças no velho petismo e o surgimento de um
“novo Lula”, só que pela direita.
A
estrela do PT já tinha sido jogada pela janela em outros carnavais, ou
eleições, e nesta até o vermelho foi deixado de lado, mas o maior ausente não
foram os símbolos, foram os atores. A famosa militância petista ficou em casa,
a nova militância bolsonarista é que ocupou as ruas e a guerra eleitoral migrou
para as redes sociais.
Assim
como tudo o que Lula diz é dogma para os petistas, tudo o que o capitão
Bolsonaro diz passou a mover multidões, por mais barbaridades que tenha dito,
sobre ditadura, tortura, mulheres, gays e por menos que tenha falado de pobres
e do principal problema: a desigualdade social.
Bolsonaro
é um novo Lula, mas às avessas. Enquanto Lula garantia a fidelidade cega de
artistas, intelectuais e da Igreja Católica cativando um eleitorado inabalável
no Nordeste e entre os de baixa renda e escolaridade, Bolsonaro domina a classe
média e se enraizou por todos os segmentos alavancado pelos ricos com diploma
que emergiram como força política em junho de 2013. Mas a adoração a ambos tem
muita semelhança, com uma realidade virtual em que tudo o que eles dizem vira
verdade.
São
esses dois polos que estarão se enfrentando nas urnas, de onde surgirá o futuro
presidente e automaticamente a maior e mais aguerrida oposição que jamais se
viu. Se Fernando Haddad (PT) vencer, terá contra ele um exército bolsonarista
que bate o PT nas ruas e nas redes, em número e em agressividade.
Se
for Bolsonaro, como as pesquisas indicam, o que sobra de esquerda organizada
para reagir e se contrapor é o PT. Com Lula preso, seus demais líderes também e
até Dilma derrotada, mesmo assim o PT foi para o segundo turno. Ferido, não
morto.
Logo,
o que as pesquisas indicam que estará saindo das urnas hoje é um Bolsonaro
eleito presidente e aprendendo o beabá da negociação política, da construção de
maiorias parlamentares, da importância do equilíbrio fiscal, da dificílima
tarefa de dizer “não”, muito especial para aliados, e tendo de conviver com
algo inerente à democracia: a oposição. Confrontado, o general Ernesto Geisel
fechou o Congresso. O capitão Bolsonaro não terá essa opção.
Ali
na espreita estarão as instituições, a própria sociedade, os partidos e
movimentos organizados e... o PT. Se perder a eleição hoje, o PT já amanhece
amanhã como o grande vitorioso para liderar a oposição ao próximo governo. No
início, devagar, auscultando, tateando. Pelo óbvio, quanto mais o governo
errar, mais a oposição vai crescer.
E
é assim que a terrível polarização da eleição vai ser transportada para o novo
governo. Aí, é torcer e rezar pelo bom senso e o equilíbrio porque, para além
das ideologias, dos partidos e das diferenças, há uma turminha que tem muita
pressa: os 13 milhões de desempregados na rua da amargura.
É
por eles, pelo Brasil e pelo futuro que fica aqui o meu voto: sucesso,
presidente, seja você quem for! (Com O popular)
Domingo,
28 de outubro, 2018 ás 05:00
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