Na
sessão extraordinária convocada nesta quarta-feira para avaliar a prisão do
senador Delcídio Amaral (PT-MS), a 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal
confirmou a decisão do ministro Teori Zavascki. A corte vai enviar ao Senado os
autos para que os senadores decidam sobre a permanência da prisão do
parlamentar. Conforme o artigo 53 da Constituição, membros do Congresso
Nacional não poderão ser presos, "salvo em flagrante de crime
inafiançável". O STF considerou que a atuação de Delcídio de coagir o
ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró para obstruir as investigações da
Operação Lava Jato seria um crime permanente e, portanto, passível de prisão. A
Constituição estabelece que, nesse caso, os autos serão remetidos dentro de 24
horas ao Senado, para que, pelo voto da maioria de seus membros, resolva sobre
a prisão.
O
presidente da 2ª Turma, ministro José Antonio Dias Toffoli, afirmou que as
promessas do senador de que poderia interferir no STF em favor de uma eventual
soltura do ex-diretor da Petrobras Nestor Cerveró é exemplo de "pessoas
que vendem ilusões". Segundo relatos de Teori, o filho de Cerveró,
Bernardo, gravou conversas em que Delcídio citou que ministros do STF
supostamente poderiam ser influenciados em prol da soltura do ex-dirigente da
Petrobras. Entre eles estariam os ministros Gilmar Mendes, Teori Zavascki,
Edson Fachin e o próprio Toffoli. Na conversa, o senador também prometeu
influência do vice Michel Temer e do Renan Calheiros em benefício do ex-diretor
da Petrobras.
"Infelizmente
estamos sujeitos a esse tipo de situação, pessoas que vendem ilusões,
mensageiros que tentam dizer 'conversei com fulano, conversei com cicrano e vou
resolver a sua situação'. Infelizmente são situações que ocorrem. Não é a
primeira vez que isso ocorre", afirmou Toffoli. "O que importa é o
seguinte: o Supremo Tribunal Federal não vai aceitar nenhum tipo de intrusão
nas investigações que estão em curso e é isso que ficou bem claro na tomada
dessa decisão unânime e colegiada", completou.
Indicada
pelo ex-presidente Lula para uma vaga no Supremo Tribunal Federal (STF), a
ministra Cármen Lúcia Antunes Rocha proferiu nesta quarta-feira um duro voto no
julgamento. "Aviso aos navegantes: nas águas turvas, criminosos não
passarão na navalha da desfaçatez e não passarão sobre juízes, não passarão
sobre novas esperanças do povo brasileiro", disse a ministra.
Por:
Laryssa Borges, (Revista Veja online)
Quarta-feira,
25 de novembro, 2015
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