Por Carta Capital / Willian Vieira =
Em
sessão solene da Câmara, Luiza Erundina vai devolver simbolicamente os mandatos
aos parlamentares cassados. O papel do Legislativo, "vítima e cúmplice ao
mesmo tempo", vem à tona.
"É dever da Casa, que a
aprovou a Lei de Anistia, mudá-la. E lembrar dos que lutaram. É nossa
responsabilidade" . Foto: Isadora Pamplona
Em 6 de dezembro, exatos seis dias após completar 78 anos, a deputada federal Luiza Erundina (PSB) pisará no plenário da Câmara dos Deputados para mais um capítulo da batalha de ordem política e pessoal que a move ? mas, desta vez, com uma ponta de ironia nos argutos olhos verdes. Em cerimônia planejada nos mínimos detalhes, a casa devolverá simbolicamente, em uma sessão de posse embalada pelo Hino Nacional interpretado por um cantor lírico, o mandato aos deputados cassados durante a ditadura.
Em 6 de dezembro, exatos seis dias após completar 78 anos, a deputada federal Luiza Erundina (PSB) pisará no plenário da Câmara dos Deputados para mais um capítulo da batalha de ordem política e pessoal que a move ? mas, desta vez, com uma ponta de ironia nos argutos olhos verdes. Em cerimônia planejada nos mínimos detalhes, a casa devolverá simbolicamente, em uma sessão de posse embalada pelo Hino Nacional interpretado por um cantor lírico, o mandato aos deputados cassados durante a ditadura.
Os parlamentares, ou suas
famílias, receberão o diploma e o broche típicos. "É uma forma de a Câmara
devolver ao povo o mandato que os torturadores usurparam de seus
representantes", diz Erundina, plácida, na manhã da segunda-feira 12, em
seu gabinete político em São Paulo. "E é o mínimo que podemos fazer agora,
enquanto não aprovam a mudança na lei da anistia."
Erundina não desiste. Até a terça-feira 13, o presidente da casa, Marco Maia, não havia dado o aval à sessão solene pensada por ela e requerida pelo primeiro-secretário Eduardo Gomes (PSDB-TO). Segundo a assessoria do presidente, "o pedido chegou tarde" e, "por questão de calendário", foi decidido "priorizar a votação de matérias". Maia não confirmaria quando ou ?se? o evento ocorreria.
"Três horas de cerimônia iriam atrapalhar
tanto? Justo quando o País faz um esforço para buscar a verdade?", rebateu
Erundina, um dia depois, já em Brasília e prestes a discursar no ato organizado
pela OAB para homenagear os advogados de presos políticos - "para o qual a
Câmara não liberou um centavo, nem para as passagens dos homenageados",
diz. Ela então subiu nos tamancos: na OAB, denunciou "a má vontade que a
casa sempre demonstrou em investigar sua história". Na quarta 14, a
confirmação da data do evento chegou.
Terça – feira 20 de novembro
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