Eugênia
Lopes =
A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) do
Cachoeira corre o risco de terminar em pizza, sem a aprovação de relatório
final com as conclusões das investigações. Mesmo depois do recuo do relator
Odair Cunha (PT-MG), que desistiu de pedir o
indiciamento de cinco jornalistas e da investigação do Procurador-Geral da
República, Roberto Gurgel, parte da base aliada na CPI, capitaneada pelo PMDB,
uniu-se ao PSDB e ameaça derrubar todo o relatório final do petista ou sequer
votar o documento.
Um
dos argumentos dos aliados para rejeitar o texto final é o pedido de
indiciamento do governador de Goiás, o tucano Marconi Perillo, por seis crimes.
Governistas e tucanos alegaram que Cunha "politizou" o documento ao
propor o indiciamento apenas de Perillo, deixando de fora o governador do
Distrito Federal, Agnelo Queiróz. "Assim como a imprensa e o
procurador-geral, a questão do governador de Goiás também é uma cortina de
fumaça para evitar a discussão de outros temas", afirmou o deputado Miro
Teixeira (PDT-RJ), que decidiu votar a favor do relatório depois das mudanças
feitas pelo relator.
Miro
cita o pedido de indiciamento de Fernando Cavendish, dono da empreiteira Delta
Construções, como um dos itens que ninguém defende publicamente a retirada. Mas
nos bastidores integrantes da CPI, quer do governo, quer da oposição, trabalham
para que Cavendish seja poupado. "Esse relatório é incorrigível",
decretou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP), que atribui a inclusão do
indiciamento de Perillo no relatório a "fruto da ira" do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o governador tucano.
Com
cerca de cinco mil páginas, o relatório final da CPI deverá colocado em votação
na próxima quarta-feira, 5. Hoje, os integrantes da comissão de inquérito estão
divididos entre aprovar o texto e derrubá-lo na sua integralidade. É o caso do
PMDB da Câmara: a deputada Íris Araújo (GO) deverá votar a favor do relatório
de Cunha, enquanto Luís Pittman (DF) pretende votar contra. "Nenhum dos
lados tem certeza de que pode ganhar", observou o deputado Leonardo Picciani
(PMDB-RJ), que é suplente na CPI. Ele é um dos que advoga que a inclusão de
Perillo no relatório "causa embaraços" e "politiza" o texto
da CPI.
A
reação ao relatório de Cunha está espalhada em todos os partidos. "Vou
votar contra o relatório porque ele não investigou o esquema paralelo da
construtora Delta", afirmou o deputado Protógenes Queiroz (PCdoB-SP). O
deputado Sílvio Costa (PTB-PE) já avisou que vai votar contra toda a proposta.
Nem mesmo os chamados "independentes" da CPI - os deputados Onyx
Lorenzoni (DEM-RS), Rubens Bueno (PPS-PR) e os senadores Randolfe Rodrigues
(PSol-AP) e Pedro Taques (PDT-MT) conseguiram chegar a um consenso sobre a
aprovação ou rejeição total do relatório.
Quinta-feira 29 de novembro
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