Em
reportagem postada há pouco, o site Mais Goiás denuncia que “cerca de 400
técnicos de enfermagem e 150 médicos estão com seus empregos em risco no
Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo). A situação coincide com a transição de
administração da unidade, que passa do Instituto Haver para o Instituto
Nacional de Amparo a Pesquisa e Tecnologia Inovação na Gestão Pública (INTS) no
próximo domingo (25). O assunto foi discutido em uma reunião do grupo técnico
de transição, ocorrida na manhã de segunda-feira (12) entre representantes das
Organizações Sociais (OSs) e da Secretaria de Estado da Saúde (SES-GO).
De
acordo com partícipe do encontro, que pediu para não ter o nome divulgado, a
diretoria do INTS levantou a possibilidade de provocar as demissões antes mesmo
de assumir a gestão do Hugo. Na mira do instituto, segundo o denunciante, estão
médicos contratados em regime celetista e técnicos de enfermagem que cumprem
jornada de 12h/60h, ou seja, 30 horas semanais.
“A
proposta deles, atualmente, é inexequível caso mantenham os contratados com
carteira assinada. Por isso, pretendem providenciar as demissões ainda nessa
semana, sob administração da Haver”, ressalta o representante. Segundo ele,
quando a ideia foi mencionada, a reunião foi subitamente interrompida para que
Estado e INTS discutissem a viabilidade dos cortes. “Depois, a diretoria do
INTS voltou dizendo que, no caso da Haver assumir a tarefa [demissões], o
Estado arcaria com as verbas rescisórias”, revela a fonte.
De
acordo com o integrante do grupo técnico, a iniciativa chama atenção por
contrariar uma recomendação do Ministério Público do Trabalho (MPT). “Na época
em que a Haver assumiu o Hugo, ano passado, em situação de emergência, uma das
recomendações do Ministério Público do Trabalho era que as contratações
ocorressem no regime da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Até o momento
seis processos de contratação foram executados pela atual gestão e o plano
deles [INTS] é justamente reverter isso, passando para contratos de Pessoa
Jurídica”.
O
Mais Goiás entrou em contato com a SES e com o INTS e aguarda retorno deles
sobre o teor das conversas no encontro.
Estresse
nos corredores
A
possibilidade de demissão em massa já percorre os corredores da unidade, cuja
equipe tem profissionais para realizar cerca de 2.380 atendimentos
emergenciais, 1.120 internações e 3.415 consultas ambulatoriais mensalmente.
“Funcionários estão temerosos, mas essa situação deixa mais algumas dúvidas: se
essas demissões ocorrerem, quem irá atender a população até domingo? Como e
quanto tempo levarão para realizar novas contratações?”, questiona o integrante
do grupo de transição.
A
redação tentou contato com trabalhadores, mas estes, em razão do medo da
demissão, decidiram que não irão se pronunciar.
A situação, porém, é confirmada pela presidente do Sindicato dos
Trabalhadores (as) do Sistema Único de Saúde no Estado de Goiás (Sindsaúde/GO),
Flaviana Alves. Ela ressalta, porém, que a o ímpeto demissional surgiu, pelo
menos, desde março de 2019, quando teve início o processo licitatório que
resultou na redução, em contrato, dos valores mensais a serem repassados pelo
Estado.
“A
haver também pensava em reduzir os contratos de quem trabalhava 30h semanais.
Era uma escolha administrativa. Queriam, como agora quer a INTS, transformar
tudo em jornadas de 12h/36h, 40 horas semanais. É mais econômico e explora
melhor o trabalhador”, recorda Flaviana. Segundo ela, há mesmo entre os
trabalhadores receio da demissão. “Os trabalhadores estão inseguros, mas também
tem muito a receber. Então, estou orientando-os para que entrem na Justiça em
razão dos atrasos ocorridos desde antes da transição da OS Gerir para o
Instituto Haver”, conclui. (Goiás 24Hs)
Terça-feira,
20 de agosto ás 17:00
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