A
Polícia Federal deflagrou terça-feira (8/12) a Operação Crátons, desmembramento
da Lava-Jato para combater a extração e comercialização ilegal de diamantes em
terras dos índios cinta-larga, em Rondônia. Cerca de 220 policiais federais
cumprem 90 mandados, sendo 11 de prisão preventiva, 41 de busca e apreensão, 35
de condução coercitiva, além de três intimações para depor. Os mandados estão
sendo cumpridos no Distrito Federal, Rondônia, Minas Gerais, São Paulo, Rio de
Janeiro, Paraná, Rio Grande do Sul, Bahia, Mato Grosso e Pará.
A
investigação é conduzida pela Polícia Federal e pelo Ministério Público Federal
em Rondônia, a partir de informações sobre a atuação do doleiro Carlos Habib
Chater, o primeiro preso da Lava-Jato, em março de 2014.
As
investigações, segundo a Polícia Federal, revelaram a existência de uma
organização criminosa formada por empresários, comerciantes, garimpeiros,
advogados e até indígenas acusados de financiar, gerir e promover a exploração
de diamantes no chamado "Garimpo Lage", localizado na reserva
indígena Parque do Aripuanã, dos índios cinta-larga. A PF também identificou a
participação de uma cooperativa e uma associação indígena na extração ilegal
das pedras preciosas. A Justiça Federal determinou o sequestro de um imóvel e
de dinheiro encontrado nas contas de investigados para ressarcir os danos
ambientais.
Os
investigados vão responder pelos crimes de exploração ilegal de recursos
naturais, dano a unidade de conservação, usurpação de bem da União, receptação,
organização criminosa, associação criminosa e lavagem de dinheiro.
Posto
da Torre
Um
dos alvos é o escritório Raul Canal & Advogados Associados, com sede em
Brasília e representação em vários Estados. As investigações têm relação com os
negócios do doleiro Carlos Habib Chater, o primeiro preso pela Lava-Jato, em
março de 2014, quando a Polícia Federal ainda investigava uma rede de lavagem
de dinheiro.
O
doleiro era o dono do Posto da Torre, em Brasília, que era utilizado para
lavagem de dinheiro, evasão de divisas e pagamentos de propinas que deu origem
ao nome da operação Lava-Jato. Além dele, os doleiros Alberto Youssef, Nelma
Kodama e Raul Henrique Srour, todos presos posteriormente na operação, estabeleceram
uma rede de lavagem de dinheiro que, no decorrer das investigações,
descobriu-se que era utilizada para operacionalizar o pagamento de propinas a
agentes públicos e políticos envolvendo contratos da Petrobras.
Em
2013, Chater teve suas conversas telefônicas interceptadas pela Polícia
Federal, quando surgiram indícios de que operava remessas de recursos para o
exterior por meio da operação conhecida por dólar-cabo. Ele teria movimentado
R$ 124 milhões. O próprio Youssef, em depoimento ao juiz Sérgio Moro,
responsável pela Lava-Jato no Paraná, admitiu que utilizava o Posto da Torre
para repassar propinas a políticos no esquema de corrupção da Petrobras.
Um
laudo da Polícia Federal apontou que o posto movimentou R$ 10,8 milhões entre
2007 e 2014 por meio de 375 contas bancárias ainda sob investigação. Em
setembro deste ano, o Tribunal Regional Federal da 4ª Região manteve a
condenação de Chater a cinco anos e cinco meses de prisão por lavagem de
dinheiro, evasão de divisas e tráfico de drogas determinada em primeira
instância pelo juiz Sérgio Moro.
A/E
Terça-feira,
08 de dezembro, 2015
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