A Polícia Federal cumpriu na manhã de
terça-feira(15) mandado de busca e apreensão na residência oficial do
presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), em Brasília. A PF
também cumpriu mandados em endereços do peemedebista no Rio de Janeiro e na
Diretoria Geral da Câmara dos Deputados. A ação, batizada de Catilinárias, faz
parte das investigações da Operação Lava Jato.
Ao
menos 12 policiais e três viaturas foram deslocados para a casa de Cunha em
Brasília, que fica na Península dos Ministros.
De acordo com a Polícia Federal, foram
expedidos 53 mandados de busca e apreensão, referentes a sete processos da Lava
Jato. O principal objetivo da PF é evitar que investigados destruam provas.
A
PF também informou que, além das residências de investigados, são realizadas em
sedes de empresas, escritórios de advocacia e órgãos públicos.
Os
mandados foram cumpridos no Distrito Federal (9), em São Paulo (15), Rio de
Janeiro (14), Pará (6), Pernambuco (4), Alagoas (2), Ceará (2) e Rio Grande do
Norte (1).
A
polícia também cumpriu mandado de busca e apreensão na residência do deputado
federal Aníbal Gomes (PMDB-CE) e dos ministros, Celso Pansera (PMDB-RJ), de
Ciência e Tecnologia, e Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), do Turismo. Outro
mandado foi cumprido na sede do PMDB em Alagoas.
A
assessoria do Ministério da Ciência e Tecnologia se limitou a dizer que não vai
comentar o assunto e que ainda não fizeram contato com o ministro.
Pansera
foi nomeado ministro na última reforma ministerial promovida pela presidente
Dilma Rousseff. Antes de ser deslocado para a pasta, o peemedebista cumpria
mandato de deputado federal e era um dos principais aliados de Eduardo Cunha na
Câmara.
Durante
as investigações da Lava Jato, Pansera chegou a ser acusado pelo doleiro Alberto
Yousseff de ser "pau mandado" do presidente da Câmara.
O
ministro Henrique Eduardo Alves, ex-presidente da Câmara, também integra a ala
mais próxima de Cunha no PMDB.
A
Polícia Federal também confirmou que cumpriu mandados no Ceará e no Rio de Janeiro
em endereços relacionados ao ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado. Em
depoimento à Justiça do Paraná, o ex-diretor de Refino e Abastecimento da
Petrobras Paulo Roberto Costa citou Machado como responsável pelo pagamento de
R$ 500 mil em propina oriunda de contratos da estatal supostamente
superfaturados, entre 2009 e 2010. Machado nega os pagamentos.
O
senador Edison Lobão (PMDB-MA), ex-ministro de Minas e Energia, também é alvo
da operação desta terça.
Veja
abaixo o nome de quem foi alvo da operação desta terça:
Aníbal
Gomes (PMDB-CE), deputado federal
Celso
Pansera (PMDB-RJ), ministro de Ciência e Tecnologia
Eduardo
Cunha (PMDB-RJ), presidente da Câmara dos Deputados
Edison
Lobão (PMDB-MA), senador e ex-ministro de Minas e Energia
Henrique
Eduardo Alves (PMDB-RN), ministro do Turismo
Sérgio
Machado, ex-presidente da Transpetro indicado pelo PMDB
Cunha
A
busca na residência de Cunha foi autorizada pelo ministro Teori Zavascki, do
Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido do procurador-geral da República,
Rodrigo Janot.
O
objetivo da operação é coletar provas nos inquéritos que apuram se o presidente
da Câmara cometeu os crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro.
Cunha
já foi denunciado pela Procuradoria Geral da República ao STF por corrupção e
lavagem de dinheiro, devido à suspeita de ter recebido pelo menos US$ 5 milhões
por contratos de aluguel de navios-sonda pela Petrobras. O Supremo ainda não
decidiu se aceita ou não a denúncia.
Cunha
também é alvo de inquérito que apura suspeitas de corrupção e lavagem de
dinheiro em razão de quatro contas na Suíça atribuídas ao parlamentar. A
existência das contas é apontada em documentação enviada à Procuradoria Geral
da República pelo Ministério Público suíço.
Desde
que surgiram as primeiras suspeitas contra Cunha, o parlamentar sempre negou
participação no esquema de corrupção investigado pela Lava Jato. Sobre as
contas no exterior, ele afirma não ser o titular, e sim
"usufrutuário", delas.
Nesta
terça, a assessoria do presidente da Câmara informou que ele está na residência
oficial e que um de seus advogados acompanha o trabalho da PF. A princípio, a
defesa de Cunha informou que não irá se manifestar porque ainda está tomando
conhecimento da decisão.
Catilinárias
A
Polícia Federal batizou a operação de Catilinárias, que são discursos célebres
do cônsul romano Cícero contra o senador Catilina, que planejava tomar o poder
e derrubar o governo republicano. Veja abaixo um dos trechos mais famosos do
discurso:
Até
quando, Catilina, abusarás da nossa paciência?
Por
quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós?
A
que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?
(G1)
Terça-feira,
15 de dezembro, 2015
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