Três
bobagens, três derrotas. Fala-se das tentativas do PT, do PC do B e de deputados governistas de obter do
Supremo Tribunal Federal a anulação do processo de impeachment da presidenta
Dilma, iniciado pelo presidente da Câmara. Qualquer observador de bom senso desestimularia
esse tipo de ação, não só pela falta de embasamento jurídico quanto pelo
estímulo da interferência entre os poderes da União. Queriam a mais alta corte nacional de justiça
atropelando a Câmara dos Deputados numa decisão exclusiva dos representantes da
população. O resultado só poderia ter
sido a rejeição, exarada em termos duros e necessários, pelos ministros Celso
Mello, Gilmar Mendes e, sem a menor dúvida, por todos os demais integrantes do
STF. Desmoralizaram-se os autores dos pedidos, mas, acima de tudo, ajudaram a
desmoralizar o governo. Forneceram mais uma prova da confusão verificada em
torno da presidenta Dilma, que se foi consultada previamente e autorizou, fica muito
mal. Mas se não foi, pior ainda.
Apesar
das sucessivas reuniões ministeriais promovidas por Madame, continua o bate
cabeça no Palácio do Planalto e adjacências. A novidade, ontem, foi a
disposição do governo de apressar o julgamento. O argumento anunciado como
exigência da presidente baseou-se no raciocínio de que se agora está feio, com
o passar dos meses ficará horrível, tendo em vista o agravamento da crise
econômica. Quer dizer, em vez de demonstrar disposição para debelar o
desemprego, o aumento de impostos e as dificuldades crescentes na vida nacional,
os detentores do poder preferem antecipar o confronto. Imaginam dispor de mais apoio, ou de menos
abandono, antes que a situação se deteriore.
É reconhecer a incapacidade de recuperar a economia. Em especial quando
concluem melhor submeter-se agora ao pedido de afastamento, quando dizem dispor
de 258 votos, do que daqui a dois ou três meses, quando faltará a certeza de
que contarão com 172, o número mínimo para salvar o pescoço da rainha. Mais uma
prova de fraqueza. Por isso sustentam os governistas a suspensão do recesso
parlamentar, com o funcionamento normal do Congresso em janeiro. Dificilmente
conseguirão, outra evidência de haverem perdido o controle do processo
político.
Enquanto
isso, prossegue a baixa tertúlia entre Dilma e seus ministros, de um lado,
e Eduardo Cunha, de outro, acusando-se
de mentirosos e chantagistas. Um lamentável espetáculo que não deveria ser
encenado. Afinal, os dois grupos desdobraram-se em simulacros de entendimento e
agressões ostensivas. Ninguém controla ninguém. O governo, com medo
das ruas, prevendo que crescerão as manifestações ditas contra o impeachment,
mas na realidade de indignação frente ao caos econômico. As oposições, cada vez
mais ávidas de aproximar-se do vice
Michel Temer, para o que der e vier.
Por
enquanto, faltam votos no plenário da Câmara para a condenação da
presidente. Em fevereiro, ignora-se,
tendo em vista o perigo real e imediato da desagregação econômica prestes a transformar-se em crise social. Entre
exortações para a antecipação do embate parlamentar, a pergunta fica é sobre o
que fará mais mal ao país: o Natal sem Dilma ou o Carnaval do impeachment.
(Carlos
Chagas)
Sábado,
05 de dezembro, 2015
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