Depois de Michel Temer investir
na estratégia de desqualificar o empresário Joesley Batista e pedir ao Supremo
Tribunal Federal a suspensão do inquérito contra ele com base na delação do
dono da JBS, o presidente e seus principais ministros fizeram neste domingo,
21, um esforço concentrado para evitar o desmanche da base aliada. Principais
sócios da coalizão governista, PSDB e DEM atenderam a apelos do Planalto e
decidiram esperar a decisão do STF para anunciar se rompem ou não com a gestão
Temer.
A reunião marcada no sábado, 20,
à noite pelo senador Tasso Jereissati (PSDB-CE), que assumiu o comando da
legenda, foi desmarcada na manhã de ontem, com a ajuda do presidente da Câmara,
Rodrigo Maia (DEM-RJ). A defesa de Temer pede a suspensão do inquérito até que
seja verificada a integridade do áudio da conversa entre o presidente e
Joesley, gravado e entregue pelo empresário à Procuradoria-Geral da República.
A Polícia Federal começou a realizar na noite de domingo a perícia na gravação.
À noite, Temer reuniu 23
deputados federais, seis senadores e 17 dos 28 ministros no Palácio da Alvorada
para discutir a crise política. Tasso e o presidente do DEM, Agripino Maia
(RN), compareceram. No início da tarde, diante de informações de que o jantar
convocado pelo presidente seria esvaziado, seus interlocutores dispararam
telefonemas para garantir quórum. Os relatos que têm chegado ao núcleo duro do
governo não são otimistas. Há pressão de diretórios estaduais pelo desembarque.
Até o momento, PSB - sétima maior
bancada na Câmara, com 35 deputados - e Podemos (antigo PTN) já anunciaram o
rompimento com o Planalto. Na ofensiva para conter a saída de parlamentares
aliados, o governo também busca manter a agenda de votações no Congresso
Nacional e indicar que a pauta das reformas, principalmente a trabalhista e a
da Previdência, será retomada.
Apesar da alta temperatura da
crise política, movimentos ligados à esquerda fizeram atos esvaziados no
domingo pelo País. As manifestações nas ruas a favor da renúncia e de eleições
diretas não chegaram a ter dimensão que abalasse ainda mais o Planalto. (AE)
Segunda-feira, 22 de Maio, 2017
as 10hs40
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