A
procuradora-geral da República, Raquel Dodge, defendeu terça-feira (26/09) que
a rescisão de acordo de delação premiada não invalida as provas obtidas no acordo.
Em sua primeira entrevista coletiva após tomar posse, a procuradora-geral
garantiu que a Operação Lava Jato “terá todo apoio” da sua gestão.
“A
lei é clara que a rescisão do acordo não invalida a prova produzida no âmbito
da delação premiada”, afirmou a procuradora-geral. Ela, ponderou, no entanto,
que há diferenciação jurídica entre rescisão do acordo e nulidade de prova.
“Do
ponto de vista jurídico, rescisão e nulidade são instrumentos jurídicos
distintos. Essa questão será analisada [no caso da delação da JBS] pela nossa
equipe, considerando essas duas possibilidades jurídicas. Estamos no momento de
estudar o caso”, disse a procuradora.
Sobre
os próximos passos em relação ao acordo de delação de executivos do grupo
J&F, Raquel Dodge informou que ela e sua equipe estão analisando todos os
documentos relacionados ao caso.
“Estamos
conhecendo melhor o conteúdo destas delações e compreendemos o impacto, a
importância e a validade dela. Nesses sete, oito dias em que estamos no cargo,
minha equipe e eu temos trabalhado mais de 12 horas por dia nos inteirando de
todos os documentos e como todos os indícios e provas se relacionam uns com os
outros”, acrescentou.
Antes
de deixar o cargo, o ex-procurador-geral Rodrigo Janot determinou a anulação do
acordo de colaboração firmado pela PGR com os executivos da J&F. Caberá ao
ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF),
decidir se aceita ou não a decisão.
Perguntada
sobre a continuidade da Lava Jato, já que ela não citou a operação no seu
discurso de posse nem na cerimônia de posse dos novos membros do Conselho
Nacional do Ministério Público, a procuradora-geral frisou que a operação terá
“prosseguimento natural” e terá todo o apoio da gestão dela.
“O
compromisso do Ministério Público no combate à corrupção é o meu compromisso.
Todos os membros do Ministério Público Federal, assim como toda a população,
reconhecem a importância dessa investigação”, disse.
Força-tarefa
para o Rio
Sobre
a crise da segurança pública no Rio de Janeiro, tema de um encontro dela com os
ministros da Defesa, Raul Jungmann; da Justiça, Torquato Jardim; e do Gabinete
de Segurança Institucional, Sérgio Etchegoyen; a procuradora-geral afirmou que
há possibilidade de criação de uma força-tarefa com a participação do MPF, já
que há indício de crimes de competência federal, a exemplo de tráfico
internacional de drogas.
“Não
estão definidos os moldes de atuação dos diferentes órgãos. Mas a reunião de
hoje foi profícua em aproximar as instituições e alinhar as posições e de como
a criminalidade tem ocorrido no Rio de Janeiro”.
Esta
semana, Jungmann sugeriu a criação de uma força-tarefa, nos moldes da Lava
Jato, para atuar no Rio de Janeiro. “As conversas vão continuar nas próximas
semanas”, resumiu. (ABr)
Quarta-feira
27 de setembro, 2017 ás 00hs05
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