O
ressarcimento das perdas na poupança durante os planos econômicos das décadas
de 1980 e 1990 deve ficar entre R$ 8 bilhões e R$ 16 bilhões. Nesta terça (5/09)
representantes de poupadores e bancos voltam a se reunir para discutir o acordo
que encerrará ações que tramitam há quase três décadas na Justiça. A
expectativa é que o acordo seja fechado até o fim deste mês. Assim, os
pagamentos poderiam ser iniciados antes mesmo do Natal.
As
ações judiciais buscam que os bancos compensem os poupadores pelas perdas
provocadas por mudanças nas regras de correção da caderneta de poupança. Essas
alterações ocorreram nos planos Bresser, Verão, Collor 1 e Collor 2. O maior
montante diz respeito ao plano Verão, enquanto o Collor 2 concentra menos
ações. O STF chegou a iniciar um julgamento conjunto sobre os planos em 2013,
mas ele foi interrompido.
O
montante exato ainda será definido a partir da negociação entre a Federação
Brasileira de Bancos (Febraban), que fala em nome das instituições financeiras,
e o Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor (Idec) e a Frente Brasileira
pelos Poupadores (Febrapo), que defendem os interesses dos poupadores. As
entidades preferiram não comentar, já que a negociação está em andamento.
Fonte
próxima às negociações afirma que o valor exato dependerá de pontos do acordo
que ainda estão em aberto. Entre eles, o porcentual de desconto aplicado sobre
os valores a serem recebidos pelos poupadores e a quantidade de parcelas para a
quitação dos débitos.
A
ideia é que, para valores menores, o pagamento ocorra de uma só vez. No caso de
montantes maiores, haveria parcelamento. Também é certo que haja desconto sobre
o valor corrigido - condição fundamental para que o acordo seja, de fato,
fechado. Nesta dinâmica, os bancos também conseguiriam fazer frente aos
pagamentos, sem prejuízo para as instituições.
Outro
ponto a ser definido é se incidirá sobre os valores uma multa moratória. Além
disso, as partes ainda não chegaram a um consenso a respeito do pagamento aos
herdeiros, no caso de o titular da poupança já ter morrido. A questão é
especialmente delicada considerando a idade dos poupadores ainda vivos, boa
parte deles hoje com mais de 80 anos.
Já
a discussão sobre a abrangência está avançada. Existem 97 ações coletivas
ativas nas mãos do Idec e da Febrapo. Nas várias instâncias da Justiça
brasileira, há ainda cerca de 1,1 milhão de ações individuais.
O
acordo costurado pela AGU vai encerrar as ações coletivas, que têm como
procuradores as duas instituições. Fechado o acordo, os beneficiários nas ações
coletivas terão um prazo para apresentar documentos, como extratos bancários,
demonstrando que realmente eram poupadores. Ao mesmo tempo, será aberto um
prazo para qualquer poupador de ação individual aderir e se beneficiar do
acordo nos mesmos termos. Como a disputa se arrasta há décadas na Justiça, a
expectativa é de que a adesão seja maciça, encerrando também a maior parte das
ações individuais. (AE)
Terça-feira
05 de setembro, 2017 ás 09hs45
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