O Estado de S.Paulo =*=
Cientes de que as verbas federais são vitais para
suas gestões, e não tendo à vista um quadro claro de alianças partidárias para
a disputa presidencial de 2014, os prefeitos das principais cidades do País -
novos ou reeleitos, da situação ou da oposição - tomaram posse ontem com
discursos cautelosos, sem críticas aos adversários vencidos, falando em
parcerias para governar e distribuindo elogios a todo o espectro partidário.
Nesse clima de "paz e amor", mesmo os que protagonizaram disputas
acirradas contra nomes apoiados diretamente pela presidente Dilma Rousseff
evitaram partir para o ataque ao governo federal.
"A eleição acabou, é hora de descer do
palanque. Não vou governar fazendo política partidária. Não vou permitir
negociar o futuro da cidade por vantagens políticas", afirmou ACM Neto, ao
assumir a prefeitura de Salvador. Já Marcio Lacerda, que assumiu o segundo
mandato na presença de seu principal mentor político, o senador Aécio Neves
(PSDB-MG), fez elogios gerais. "Belo Horizonte, por meio de parcerias com
o governo do Estado e com o governo federal, está tendo o maior volume de obras
de sua história". Ele distribuiu agradecimentos a Dilma, a Lula, a Aécio e
ao governador Antonio Anastasia "por todo o apoio que Belo Horizonte teve
e terá".
Lugar de destaque. No Recife, onde a disputa foi
forte entre PT e PSB, o novo prefeito, Geraldo Júlio (PSB), também evitou o
confronto, enaltecendo os projetos conjuntos com Brasília para governar. Ainda
assim, não perdeu a chance de elogiar seu padrinho político, o presidente
nacional do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos. "Um lugar de
destaque o espera no futuro político deste País", disse ele do governador,
que tem sido lembrado como possível candidato do partido à Presidência em 2014.
Ele o saudou "pela habilidade e capacidade de juntar as pessoas" e
mencionou uma de suas bandeiras mais caras, o "novo federalismo".
A rivalidade PT-PSB foi marcante, da mesma forma,
nas eleições de Fortaleza- mas ali também o novo eleito, Roberto Cláudio (PSB)
chegou falando em "pacto de governabilidade" com os 43 vereadores e
disse considerar essenciais as parcerias com o governo Dilma Rousseff.
No Rio de Janeiro, o prefeito reeleito Eduardo Paes
(PMDB), que em campanha saudou as parcerias com os governos federal e do Estado
do Rio, não fez nenhuma menção ao apoio recebido pelo ex-presidente Lula em sua
campanha. Garantiu, no discurso de posse, que ficará no cargo até o último dia
de mandato e que seu candidato ao governo do Estado em 2014 é o atual
vice-governador, Luiz Fernando Pezão.
Paes anunciou um conjunto de propostas que incluem
turno integral escolas, ponto biométrico para médicos e bilhete único de
transportes para a população, além de propor um corte linear de 10% nos gastos
da administração. As medidas foram publicadas em forma de 40 decretos na edição
de ontem do Diário Oficial do Município.
O tom conciliatório valeu mesmo em cidades onde a
disputa foi dura entre legendas de esquerda - casos de Porto Alegre e Campinas.
Em sete municípios as novas eleições já estão
marcadas - a primeira, em Guarapari (ES), será no dia 3 de fevereiro. Outros
seis irão às urnas a 3 de março.
O Tribunal Superior Eleitoral não conseguiu julgar
ainda todos os processos da última campanha eleitoral. Cerca de 780 recursos
ainda estão pendentes.
Quarta-feira 02 de
janeiro
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