Insatisfeito
com a perda de influência na Esplanada, o presidente do Senado, Renan Calheiros
(PMDB-AL), foi o responsável por segurar a ida para do ex-presidente da Câmara
Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN) para o Ministério do Turismo. Embora a
nomeação de Henrique Alves seja considerada certa pelo Palácio do Planalto, o
atual ministro do Turismo, Vinícius Lages (PMDB), é um afilhado político de
Renan, que ainda não deu o aval para a troca.
Deputado
federal por 11 mandatos consecutivos e derrotado na eleição para o governo do
Rio Grande do Norte no ano passado, Henrique Alves deve ir para a Esplanada por
ser aliado próximo do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). Mas, para
colocá-lo no Turismo e desalojar Lages, Dilma precisa contemplar Calheiros com
mais espaço. O presidente do Senado e seus aliados do PMDB trabalham para
emplacar um nome no Ministério da Integração Nacional, pasta com grande
capilaridade no Nordeste, mas que hoje é comandada pelo PP, que está
enfraquecido por ser a legenda com o maior número de representantes
investigados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Operação Lava
Jato.
Na
última quinta-feira (26), Calheiros se reuniu com o ex-presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, em São Paulo. No encontro, ele queixou-se muito de que falta
diálogo ao Planalto com a base e que as negociações com o governo Dilma são
pouco objetivas. No PMDB, é unânime a avaliação de que a legenda não participa
do núcleo decisório do Planalto, e que mesmo a criação de uma “coordenação
político institucional”, com a presença do vice-presidente Michel Temer,
presidente nacional do PMDB, e do ministro peemedebista Eliseu Padilha (Aviação
Civil), entre outros, não trouxe melhora na relação com a base.
O
anúncio de que Henrique Alves viraria ministro era esperado para a última
sexta-feira (27), mesmo dia em que Dilma escolheu seu tesoureiro de campanha,
Edinho Silva (PT), para comandar a Secretaria de Comunicação Social da
Presidência da República e o filósofo Renato Janine Ribeiro para substituir Cid
Gomes (PROS) à frente do Ministério da Educação. Mas a nomeação não ocorreu.
Com
a economia estagnada e o governo enfraquecido pela conflagração da sua base,
Calheiros, antes considerado por aliados da presidente uma garantia de
estabilidade no Congresso, passou a confrontar abertamente o governo.
O
principal motivo da rebelião é a sua inclusão entre os políticos que tiveram
inquéritos abertos no STF nas investigações de envolvimento nas denúncias de
pagamento de propinas a políticos na Petrobrás. Mas não é só: também entram na
conta do descontentamento do peemedebista a demissão, em fevereiro, do ex-presidente
da Transpetro Sérgio Machado, ligado a Calheiros, e os impactos do ajuste
fiscal em Alagoas, Estado governado por Renan Filho (PMDB). (AE)
Domingo,
29 de março, 2015
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