Mais
um grande esquema de corrupção começa a ser desvendado em Brasília, como
resultado de uma operação conjunta da Polícia Federal, Ministério Público e
Receita Federal.
Muitas
empresas - inclusive bancos e pelo menos uma indústria do setor automobilístico
- foram apanhadas na primeira rede da investigação, A mesma que descobriu o que
boa parte da população de Brasília já desconfiava: alguns escritórios de
“consultoria tributária” dentre os inúmeros que existem na Capital Federal não
fazem outra coisa do que tráfico de influência, ou o que é mais grave,
intermediação de propinas em troca de redução de dívidas tributárias.
A
Polícia Federal teve um fim de semana movimentado – assim como será a semana
que hoje se inicia – visitando casas cinematográficas, apreendendo cofres,
carros caríssimos e, que consideram ainda mais importante, computadores.
Num
só episódio um cofre com a bagatela de 800 mil reais foi confiscado na casa de
Leonardo Manzan, ex-conselheiro do CARF - o Conselho Administrativo de Recursos
Fiscais, órgão do Ministério da Fazenda que representa última instância
administrativa para recorrer de cobranças da Receita Federal.
Coincidência?
Manzan é genro do ex-secretário da Receita, Otacílio Cartaxo, homem da maior
confiança do Partido dos Trabalhadores, e que em 2011 foi nomeado presidente do
CARF por escolha pessoal do ex-ministro Guido Mantega, que, como foi noticiado
à época, chegou a mudar o regimento do órgão para que Cartaxo pudesse assumir a
função. Recorde-se que Cartaxo comandou a Receita durante o período da “farra”
de quebras de sigilos de tucanos no ano eleitoral de 2010.
De
acordo com as investigações em curso consultorias conseguiam obter resultados
“favoráveis” a seus clientes, que se beneficiavam de expressiva redução das
multas impostas pela Receita. Muitas dessas consultorias tinham como sócios
conselheiros e ex-conselheiros do CARF.
O
juiz Sérgio Moro, responsável pelos processos da Operação Lava Jato, enveredou
por nova trilha de investigação que começa revelar o que todos nós, os
paspalhos - cidadãos tapeados e
contribuintes idiotas-, intuíamos: a quadrilha instalada na Petrobras para
roubar é apenas parte de um amplo e complexo esquema corrupção, cujos
tentáculos se estenderam para dezenas de órgãos públicos, autarquias e empresas
estatais e de economia mista.
Moro
obteve dos arquivos do doleiro Alberto Youssef uma lista de 750 obras públicas,
nos mais diversos setores da infraestrutura, rica de detalhes sobre projetos,
propostas, clientes, valores, “clientes” (empreiteiras) e nomes, muitos nomes.
(Diário do poder)
Segunda-feira,
30 de março, 2015
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