Durante
os 21 anos do regime militar, todo dia 31 de março comportava comemorações
públicas. Depois, as referências limitaram-se aos quartéis e às ordens-do-dia
dos ministros castrenses. Os governos da Nova República ignoraram a data, hoje
lembrada por número cada vez menor de quantos participaram da deflagração do
golpe e, depois, de suas administrações.
Aqui
e ali certos patetas empenham-se em pedir o retorno das forças armadas ao
poder, esquecidos de que a História só se repete como farsa.
É
preciso registrar, no entanto, que apesar dos excessos e da truculência com que
os donos do poder enfrentavam os problemas nacionais, foi aos poucos que a
opinião pública posicionou-se contra eles. A sucessão de atos institucionais e
de pacotes arbitrários acabou levando multidões às ruas, exigindo a volta ao
regime democrático. A natureza seguiu seu curso até que o último dos
presidentes militares, general João Figueiredo, percebeu estar esgotado o
modelo imposto em 1964. Pediu até que o esquecessem, tendo antes adotado as
medidas necessárias, como o levantamento da censura, a anistia e a proibição da
tortura. Não deve ser esquecido, pois dele também vieram iniciativas como o fim
da lei de Segurança Nacional e a possibilidade de criação de novos partidos
políticos.
Hoje
virou moda todo mundo dizer que “lutou contra a ditadura”, mas não foi bem
assim. A maioria acomodou-se, mesmo sem gostar dos que, sem mandato popular,
impunham sua vontade.
AJUSTE
A CONTA-GOTAS
Quem
botou o dedo na ferida foi o presidente do Senado, Renan Calheiros, quando
declarou estar tudo errado na tentativa de o governo ver aprovado o ajuste
fiscal. Porque as medidas deveriam ter começo, meio e fim, ou seja, o ministro
da Fazenda precisaria definir num só conjunto o que pretende. Apresentar o
ajuste a conta-gotas é desgastante.(Carlos Chagas)
Terça-feira, 31 de março, 2015
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