Nesta
quarta-feira, um lance de dados decidirá o futuro da maior investigação sobre
corrupção da história do País. Ao que tudo indica, o novo relator da Lava Jato
será escolhido, por sorteio, nesta quarta-feira, entre cinco ministros do
Supremo Tribunal Federal: o decano Celso de Mello, Dias Toffoli, Gilmar Mendes,
Ricardo Lewandowski e Edson Fachin, que deve pedir sua transferência para a
turma da corte que acompanha o caso.
Em
tese, portanto, serão 20% de chances para cada um, se o sistema de sorteio do Supremo
Tribunal Federal não for viciado – o que, pelo histórico recente, não é
propriamente uma garantia.
Definir
uma escolha dessa importância por meio de um sorteio, no momento em que o
Brasil vive, é algo de extrema gravidade. Como muitos sabem, Dilma Rousseff, a
presidente legítima, foi afastada por meio de um golpe parlamentar, arquitetado
por políticos corruptos que brilham nas 77 delações da Odebrecht.
O
objetivo deste golpe, que já produziu a maior recessão da história do País,
foi, como definiu precisamente o senador Romero Jucá (PMDB-RR), estancar a
sangria da Lava Jato. Ou, em outras palavras, parar essa porra, como ele mesmo
disse.
Há
pouco mais de uma semana, a possibilidade de estancar a sangria se materializou
quando o ex-ministro Teori Zavascki morreu num trágico acidente aéreo, cujas
causas ainda não foram esclarecidas. Além disso, já se sabe que as delações da
Odebrecht atingem Michel Temer, que pediu e recebeu R$ 10 milhões que saíram do
departamento de propinas da Odebrecht, como vários de seus ministros, como José
Serra e Eliseu Padilha. Sabe-se também que Aécio Neves (PSDB-MG), o principal
arquiteto do golpe, foi também delatado por propinas nas obras da Cidade
Administrativa de Minas Gerais.
Portanto,
um sorteio definirá quem irá, em última instância, acolher ou não pedidos de
inquérito formulados pela procuradoria-geral da República, contra a elite
política do País.
Qualquer
que seja o escolhido suscitará questionamentos – principalmente, se o dado cair
no nome de Gilmar Mendes, que se disse amigo de 30 anos de Michel Temer, depois
de um encontro recente no Palácio do Jaburu.
Diante
desse cenário, a única alternativa para evitar dúvidas sobre a lisura do
processo é pedir o fim do sigilo sobre todas as delações – uma medida que já
deveria ter sido tomada pelo procurador-geral Rodrigo Janot e pela presidente
da corte, ministra Cármen Lúcia. Medida esta que já foi defendida pela Ordem
dos Advogados do Brasil. Só assim será possível evitar que o Supremo asse a
maior pizza da história da humanidade.
Quarta-feira,
1º de fevereiro de 2017 ás 13hs00
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