O
déficit das contas da previdência da União e dos Estados atingiu R$ 316,5
bilhões em 2016, um crescimento de 44,4% em relação a 2015. O resultado
previdenciário global só não foi pior porque os municípios apresentaram
superávit de R$ 11,1 bilhões, o que reduziu o rombo geral para R$ 305,4
bilhões.
Os
dados englobam tanto o INSS quanto a previdência dos servidores públicos. O
crescimento é explicado tanto pelo envelhecimento da população, que aumenta o
número de aposentados, quanto por uma questão conjuntural: a crise econômica
elevou o desemprego e, por consequência, reduziu o número de pessoas
contribuindo para a Previdência.
Os
números, obtidos pelo Estado, foram compilados pelo Ministério do Planejamento,
que integra a força-tarefa escalada pelo governo para a campanha de convencimento
sobre a necessidade de aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da
reforma da Previdência, em tramitação na Câmara dos Deputados. Até agora, eram
conhecidos apenas os déficits do regime de previdência dos servidores da União
(R$ 77,2 bilhões) e do INSS (R$ 149,7 bilhões).
“Os
números mostram que a reforma da Previdência não é um problema só da União. É
um desafio nacional”, disse o assessor especial do Ministério do Planejamento,
Arnaldo Lima. Um dos responsáveis pela elaboração da proposta, Lima destacou
que é preciso olhar os números conjuntamente para ter uma fotografia real da
Previdência em todo o País. “Há um vício de olhar a trajetória apenas do RGPS
(Regime Geral da Previdência, o INSS)”, destacou.
O
déficit dos governos dos Estados e Distrito Federal foi de R$ 89,6 bilhões e o
da União (servidores e trabalhadores da iniciativa privada) chegou a R$ 226,9
bilhões. Já a previdência dos servidores municipais apresentou superávit de R$
11,1 bilhões no ano passado, resultado 65,7% melhor do que os R$ 6,7 bilhões de
2015.
Deputados
contrários à reforma têm questionado os números e defendido que não há déficit
da Previdência. Esses parlamentares, sobretudo da oposição, mas também alguns
da base aliada, argumentam que o governo está fazendo “terrorismo” para aprovar
regras mais duras de aposentadoria e prejudicar os trabalhadores. A comissão
especial da reforma já propôs um debate sobre esse tema.
Segundo
Lima, na União e nos Estados há, para cada aposentado, um trabalhador na ativa.
Já nos municípios essa relação é ainda de 4 ativos para inativo. Por isso, a
previdência dos municípios ainda se mantém superavitária, embora haja uma
tendência de essa “balança” contributiva piorar com o envelhecimento da
população.
Nos
Estados, a piora contínua dos números preocupa. Na estimativa do consultor da
Câmara Leonardo Rolim, o déficit com a previdência dos servidores estaduais
deve crescer sem parar até chegar a pelo menos R$ 120 bilhões em 2020. (AE)
Sexta-feira,
24 de fevereiro de 2017 ás 10hs20
Nenhum comentário:
Postar um comentário