Os
códigos de ética da maioria dos partidos fazem raras referências a atos de
improbidade ou desvios de conduta e costumam privilegiar a previsão de punições
para indisciplina partidária.
Um
exemplo é o PR, em que as sanções mais severas foram aplicadas a parlamentares
que votaram contra a orientação do partido. Foi assim com Sandro Mabel, em
2011, quando ele concorreu à presidência da Câmara enquanto a orientação era
apoiar o candidato do PT, Marco Maia (RS). Também foram punidos os deputados
Clarissa Garotinho (RJ), Zenaide Maia (RN) e Silas Freire (PR) por votarem
contra a PEC do Teto, no fim do ano passado. O partido havia orientado voto a
favor. Mabel e Clarissa pediram desfiliação após a aprovação da decisão do
partido de expulsá-los. Maia e Freire foram afastados.
Enquanto
isso, caciques como o ex-deputado Valdemar Costa Neto e o ex-governador do Rio
Antony Garotinho não receberam qualquer punição do partido mesmo depois de
terem sido presos. Valdemar foi condenado a 7 anos e 10 meses de prisão no
processo do mensalão, em 2012. Já Garotinho passou uma semana sob custódia, em
novembro passado, em meio às investigações sobre uso do programa social Cheque
Cidadão para compra de votos.
De
acordo com o presidente do PR, deputado Antonio Carlos Rodrigues (SP), Costa
Neto se desfiliou do partido em 2013, após ser condenado. “Não tem sanção para
quem não é do partido”, justifica. Sem filiação partidária, Costa Neto hoje é
oficialmente funcionário do PR, responsável por “questões administrativas para
as regiões Norte e Nordeste”, segundo o presidente. Na prática, dá as cartas
nas principais ações da legenda.
Já
Garotinho deve enfrentar um processo de expulsão logo após o carnaval. O
motivo, no entanto, nada tem a ver com as acusações que o levaram à prisão.
Deve-se à uma irregularidade na veiculação da propaganda partidária na TV que
resultou na condenação, pela Justiça Eleitoral, na perda de todas as 80
inserções nacionais que o PR teria direito no primeiro semestre deste ano. “A
prisão não tinha caráter definitivo”, disse o presidente do partido.
No
PSDB paulista, o conselho de ética do diretório estadual instaurou no ano
passado um processo disciplinar para apurar a conduta de Luiz Roberto dos
Santos, o Moita, ex-chefe de gabinete da Casa Civil do governo de São Paulo.
Ele foi citado em investigação sobre fraude na compra de merenda. O processo,
porém, nunca avançou.“Não achamos a ficha de filiação dele”, confessou o
deputado estadual Pedro Tobias, presidente do PSDB paulista.
Em
outro ocasião, o conselho agiu rápido ao ameaçar de expulsão o ex-vereador
Andrea Matarazzo por discordar em apoiar o então pré-candidato à Prefeitura de
São Paulo João Doria. Matarazzo, porém, migrou para o PSD antes de qualquer
processo.
“Existem
pessoas investigadas por versões, e não por fatos. Temos que ter cuidado para
não fazer estardalhaço e depois a pessoa é inocente. Um exemplo é o senador
Lindbergh Farias (PT-RJ), que foi investigado na Operação Lava Jato, e depois
inocentado.” Francisco Rocha, COORDENADOR DA COMISSÃO DE ÉTICA DO PT (AE)
Segunda-feira,
27 de fevereiro de 2017 ás 09hs10
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