A
Polícia Federal e o Ministério Público Federal deflagraram quarta-feira(8/03) a
segunda fase da Operação Greenfield, cumprindo mandados de busca e apreensão em
endereços ligados ao empresário Mário Celso Lopes e seu filho Mário Celso
Lincoln Lopes, sócios da Eucalipto Brasil. No caso de Mário Celso Lopes, também
foi cumprida uma ordem de prisão temporária, por cinco dias.
As
medidas têm o objetivo de recolher provas de que os envolvidos praticaram
crimes como gestão fraudulenta de Fundos de Pensão que realizaram investimentos
no Fundo de Investimentos em Participação (FIP) Florestal. O FIP recebeu cerca
de R$ 550 milhões dos fundos de pensão Petros e Funcef e, por isso, é um dos
alvos da investigação iniciada em 2014, pelo MPF.
nvestigações
da Operação Greenfield revelaram que Mário Celso Lopes participou da
constituição da Florestal S/A (atual FIP Florestal). Na época, o empresário era
o principal sócio da MCL Empreendimentos e Negócios LTDA, que se aliou ao Grupo
J&F Investimentos para a formação da companhia que, posteriormente, entre
os anos de 2009 e 2010, recebeu os aportes financeiros de Petros e Funcef.
Para
justificar o pedido de prisão de Mário Celso, o MPF relatou à Justiça a
descoberta de movimentações recentes como a assinatura de contrato cujo
objetivo seria o de dificultar as investigações. As medidas judiciais foram
autorizadas pela 10ª Vara Federal, em Brasília, e estão sendo cumpridas nos
estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.
Em
novembro, após a primeira fase da Greenfield, a Eldorado firmou um contrato de
R$ 190 milhões com a empresa Eucalipto Brasil S/A. Chamou a atenção dos
investigadores o fato de, menos de um mês após o fechamento do negócio, ter
ocorrido a retirada de uma cláusula do contrato. A alteração beneficiou Mário
Celso em detrimento da Eldorado e dos sócios minoritários: Funcef e Petros. O
MPF suspeita que a medida tenha sido uma articulação com o propósito de comprar
o silêncio de Mário, já que este conhecia as irregularidades envolvendo o
recebimento dos recursos dos fundos de pensão. Além disso, para os
investigadores, todas as movimentações acionárias e negociações que
viabilizaram os investimentos feitos pelos dois fundos de pensão beneficiaram
Mário Celso Lopes e seu filho e sócio Mário Celso Lincoln Lopes
Dinheiro de fundos de
pensão
A
empresa Eldorado Celulose passou a ser investigada pela Operação Greenfield
após a descoberta de indícios de irregularidades no processo de escolha da
empresa para receber recursos dos fundos de pensão. Para os investigadores, os
responsáveis pelos investimentos no FIP Florestal atuaram ilicitamente e
admitiram a superavaliação dos ativos que foram objeto de investimento. Com
isso, mesmo fazendo um grande aporte de capital próprio (cada fundo investiu R$
275 milhões) e assumindo grandes riscos, Funcef e Petros não tiveram o controle
da empresa Florestal.
Outro
indício de irregularidade apontado pelo MPF ocorreu no momento da fusão entre a
Florestal e a Eldorado. Com o propósito de reduzir ainda mais a participação
acionária de Funcef e Petros na nova companhia, houve uma nova superavaliação,
desta vez dos ativos da Eldorado. “Os investigados Joesley Mendonça Batista (e
seu irmão Wesley Batista) e Mário Celso Lopes (assim como seu filho e sócio
Mário Celso Lincoln Lopes) conseguiram o controle de uma nova grande empresa
sem precisar ter realizado o investimento condizente com o valor de tal
empresa. A partir de então, tiveram o porte necessário para obter, junto ao
FGTS e Caixa Econômica Federal (entre outros bancos), financiamentos e
empréstimos que permitiram alavancar ainda mais o valor da Eldorado, gerando a
empresa que hoje é uma das líderes do mercado de celulose no Brasil”, descreve
um dos trechos da petição.
Bloqueio de bens e
ativos
Além
das buscas e apreensões e da prisão temporária de Mário Celso, o MPF pediu o
bloqueio dos bens, ativos, contas bancárias e investimentos pertencentes a MCL
Empreendimentos e Negócios, MCL Participações, Mário Celso Lincoln Lopes, Mário
Celso Lopes e Eucalipto Brasil S.A. Solicitou ainda o sequestro de bens como
imóveis e cotas sociais dos envolvidos.
A
intenção dessas medidas, segundo o Ministério Público Federal, é assegurar – em
caso de condenação - a recomposição do prejuízo causado aos fundos. Atualmente,
o valor está estimado em R$1,7 bilhão. A Justiça também acatou o pedido de
afastamento dos sigilos bancário, fiscal, telefônico, telemático de todos os
documentos apreendidos na operação.
Quarta-feira,
8 de Março de 2017 ás 12hs30
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