Em
depoimento quinta-feira(2/03), ao ministro do Tribunal Superior Eleitoral (TSE)
Herman Benjamin, o ex-diretor da Odebrecht Ambiental Fernando Cunha Reis
afirmou que foram pagos R$ 4 milhões ao PDT para que o partido ingressasse a
coligação da chapa presidencial de Dilma Rousseff-Michel Temer de 2014.
A
audiência com Cunha Reis foi feita no Rio e faz parte do processo que investiga
se houve abuso de poder econômico e político por parte da chapa nas últimas
eleições. Nesta quarta-feira, 1.º, foi ouvido na mesma ação o executivo e
ex-presidente da empreiteira Marcelo Odebrecht.
Segundo
relatos, Cunha Reis detalhou que o pagamento foi feito em quatro parcelas –
duas em agosto e o restante em setembro de 2014. O montante teria sido pago em
espécie, no escritório do tesoureiro do PDT, Marcelo Panela, localizado no Rio.
Panela atuou como chefe de gabinete do presidente da legenda, Carlos Lupi,
quando o dirigente comandou o Ministério do Trabalho, no segundo mandato do
ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e na primeira gestão de Dilma.
De
acordo com Cunha Reis, as negociações para o pagamento da legenda também
envolveram o ex-vice-presidente de Relações Institucionais da Braskem
Alexandrino de Salles Ramos de Alencar. A compra de apoio do PDT faria parte de
um acordo maior que também envolveria outras legendas, como PRB, PROS, PCdoB e
PP.
Apoio
Conforme
revelou o Estado em dezembro, ao todo, a Odebrecht colocou cerca de R$ 30
milhões na operação de compra de apoio dos partidos. O acordo é descrito, em diferentes
pedaços da história, nas delações de Marcelo Odebrecht, ex-presidente e dono da
empreiteira, e dos executivos Fernando Cunha Reis e Alexandrino Alencar.
Procurado
pela reportagem, o presidente do PDT, Carlos Lupi, negou que tenha havido
pagamento para o ingresso da legenda na coligação presidencial de Dilma.
“Isso
é ridículo. O PDT foi o primeiro partido a declarar apoio à candidatura de
Dilma. Ele (Cunha Reis) tem de provar o que está falando. Nunca participei de
nada disso”, ressaltou Lupi ao Estado.
Ponte
Além
de Cunha Reis, também prestou depoimento nesta quinta-feira ao TSE o ex-diretor
da Odebrecht Infraestrutura Benedicto Barbosa da Silva Júnior, responsável por
fazer a ponte entre a empresa e os políticos.
Na
audiência, Benedicto ressaltou que nada sabia a respeito das negociações da
Odebrecht com os candidatos à Presidência e que tal função era exercida
diretamente por Marcelo Odebrecht. Em depoimento na quarta-feira ao ministro
Benjamin, Marcelo disse que cabia a ele fazer a interlocução com os candidatos
e que os valores doados em 2014 às campanhas de Dilma, Aécio Neves (PSDB),
Eduardo Campos (PSB) e Marina Silva (Rede) foram definidos por ele.
Benedicto
informou, contudo, que foi avisado por Marcelo Odebrecht sobre a doação de R$ 6
milhões a Paulo Skaf, candidato do PMDB ao governo de São Paulo em 2014. O
valor fazia parte de um total de R$ 10 milhões que foram negociados com o PMDB.
As negociações da doação envolveriam Marcelo Odebrecht, Cláudio Melo Filho
(ex-diretor de Relações Institucionais da Odebrecht) e o ministro da Casa
Civil, Eliseu Padilha.
O
acerto, de acordo com Marcelo Odebrecht, foi fechado em jantar no Palácio do
Jaburu, residência oficial do então vice-presidente Michel Temer, durante a
campanha de 2014.
Sexta-feira,
3 de Março de 2017 ás 11hs10
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