Ex-governador
foi condenado em segunda instância, mas afirma que manterá candidatura
O
PSOL protocolou na quinta-feira (10/7/2014), no Tribunal Regional Eleitoral
(TRE), um pedido de impugnação da candidatura de José Roberto Arruda ao governo
do Distrito Federal. Na quarta, Arruda foi condenado em segunda instância por
improbidade administrativa pelo envolvimento no esquema que ficou conhecido
como o mensalão do DEM. Se a punição for aplicada imediatamente, ele ficará
inelegível pelos próximos oito anos.
Embora
tenha sido enquadrado na Lei da Ficha Limpa, a defesa de Arruda afirma que ele
ainda pode disputar as eleições. Isso porque o candidato do PR já apresentou
seu registro ao TRE, o que lhe garantiria o direito de concorrer ao pleito. No
entanto, como o registro ainda não foi homologado, há o entendimento de que ele
pode tornar-se inelegível já nas eleições deste ano.
Em
entrevista coletiva concedida nesta quinta, Arruda afirmou que manterá a
candidatura: "Eu sou candidato a governador do DF dentro do que estabelece
a legislação brasileira", disse. Seguindo a cartilha dos políticos
flagrados em esquemas de corrupção, Arruda afirmou estar sendo vítima de
ataques dos adversários - alegou que foi alvo de um "golpe" planejado
pelo PT e que seu governo foi "criminosamente interrompido". Segundo
as investigações, Arruda comandava o esquema de cobrança de propina e compra de
apoio de deputados. Em um dos vídeos gravados por seu ex-secretário de Relações
Institucionais, Durval Barbosa, ele aparece recebendo 50.000 reais em dinheiro,
que guarda em um envelope pardo.
“Importa
destacar que somente o apego a um formalismo vazio, destituído de sentido e
frontalmente contrário aos mais legítimos anseios da sociedade brasileira no
combate à corrupção e aos mais expressivos princípios constitucionais pode
reconhecer que a Lei da Ficha Limpa somente se aplica para decisões ocorridas
antes do pedido de registro de candidaturas”, diz a ação assinada pela
presidente do PSOL-DF, Juliana Selbach, além do candidato ao governo Antônio
Carlos de Andrade, e ao Senado, Aldemario Araújo.
A
ação ainda afirma que a presença de Arruda como candidato nas eleições de 2014
"é motivo de inquietação e vergonha para a sociedade candanga”. “A
participação atrevida e petulante do artífice maior do mensalão do DEM e outras
deletérias práticas de improbidade administrativa no pleito eleitoral desafia
os mais elementares padrões de ética e moralidade no trato da coisa pública”,
continua.
Pelo
crime de improbidade administrativa, Arruda foi condenado à perda dos direitos
políticos por oito anos, além do ressarcimento de 300.000 reais aos cofres
públicos. A decisão ocorre cinco anos após a Operação Caixa de Pandora da
Polícia Federal, que tornou Arruda o primeiro governador do país a ser preso.
Pivô das investigações, Durval Barbosa, então secretário de Relações
Institucionais do DF, revelou detalhes do esquema de corrupção, pontuado por
desvios de recursos em contratos do governo com empresas de informática e
publicidade, cooptação de parlamentares e caixa dois de campanha eleitoral. O
delator chegou a gravar vídeos que mostravam Arruda recebendo maços de
dinheiro.
De
acordo com o Ministério Público, que apresentou denúncia à Justiça, dependendo
do tipo de contrato a ser celebrado com o governo, a divisão da propina podia
chegar a 10% para secretários, 30% para Arruda e 20% para Paulo Octavio, à
época vice-governador do Distrito Federal. Conforme a denúncia, os pagamentos
aos envolvidos eram regulares e, em alguns casos, mensais.
Marcela Mattos, VEJA - de Brasília
Quinta-feira 10 de julho, 2014.
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