No passado, a presidente Dilma
fracassou no seu projeto de trocar de ditadura; no presente, depois de trocar
as armas pelo discurso democrático, também fracassou.
Dilma, irascível nos
relacionamentos profissionais e intolerantes na prática política, cavou o seu
próprio destino; foi abandonada pelos áulicos e por seu mentor. Agora, à beira
do precipício, tornou-se personagem hilária e desconcertante com as falas desconexas
que vão saindo da sua tumultuada boca aos borbotões.
A plateia, de modo geral
ignorante, aplaude o que não entendem e só estão ali para receber três moedas e
pão com mortadela. Quando as imagens são divulgadas pela mídia, o
descontentamento é geral. Nos telejornais, apresentadores gozam a presidente
como se ela fosse idiota ou entupida de medicamentos para suportar a decadência
do seu governo.
Nas cartas dos leitores, o
controle necessário e respeitoso, os textos são amenizados pelos redatores; mas,
nas redes sociais, a voz do povo soa alto, e Dilma é arrasada nos comentários e
vídeos realizados em montagens de excelente qualidade dos quais até Charles
Chaplin riria da personagem com seus atabalhoados discursos.
Quando Brizola a acolheu no PDT,
a jovem empresária falida descortinou o caminho para, mais uma vez, tentar
mudar o país. Esqueceu-se que Brizola também fracassou no mesmo propósito e
decidiu buscar mandato através do voto. Eleito, tal qual Dilma, não deixou boas
lembranças aos cariocas que, até hoje, sofrem as consequências da administração
populista do líder revolucionário.
Órfã de Brizola, a presidente
cometeu o erro de se entregar de corpo e alma à liderança de Lula e se filiar
ao PT. Esqueceu-se da frase proferida por Brizola ao se referir a Luiz Inácio
Lula da Silva: “Para se dar bem, Lula seria capaz de pisar no pescoço da
própria mãe”, se tivesse atentado para a fala do líder trabalhista, com certeza
não estaria passando pelo dissabor de estar com pé de Lula no seu pescoço,
exigindo-lhe a sua renúncia para tentar minimizar as acusações que pesam contra
ele e que, no final, também atingirão a própria presidente.
As mentiras e explicações sobre
os fatos que minaram o seu governo foram desmascaradas nas inúmeras ações da
“Operação Lava-Jato” e confirmam as palavras do senador Aécio Neves que, na
campanha presidencial, já insistia que as respostas da presidente seriam
desmentidas pelas verdadeiras contas governamentais.
O relator do processo de
impeachment, senador Antonio Anastasia, em seu parecer, desconstruiu as teses
da defesa, algumas inusitadas, e votou pela admissibilidade da denúncia sem
perder, em nenhum momento, a conduta irrepreensível esperada de senadores da
República, afirmando: “Em face do exposto, a denúncia apresenta os requisitos
formais exigidos pela legislação de vigência, especialmente pela Constituição
Federal, para o seu recebimento. O voto é pela admissibilidade da denúncia, com
a consequente instauração do processo de impeachment, a abertura de prazo para
a denunciada responder à acusação e o início da fase instrutória, em
atendimento ao disposto no art. 49 da Lei no 1.079, de 1950.”
O procurador-geral da República,
antes da apresentação do parecer do senador Anastasia, pediu autorização ao
Supremo Tribunal Federal para investigar Dilma e Lula. O ministro Teori Zavascki,
abarrotado de procedimentos da “Lava-Jato”, assim que Dilma renunciar ou for
afastada da presidência, deverá decidir o que fazer com tantos políticos que
ficarão sem foro privilegiado, submetendo-os ao juiz Sérgio Moro que aguarda a
hora de mandá-los para temporada preventiva em Curitiba. Quem sabe se Lula e
Dilma, então ex-presidentes, não trocarão ideias com seus ex-comandados, agora
em igualdade de posições.
Em seu provável último evento
importante, a presidente ficou ao fundo na rampa do Palácio do Planalto,
encoberta pela tocha olímpica simbolizando o início dos jogos e o final da
grande jogada.
(Paulo Castelo Branco)
sexta-feira, 06 de maio, 2016
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