Quando
se prepara para receber do Senado Federal a notícia de que a partir de hoje já
não mais será a Presidente do Brasil, Dilma Rousseff, tem razões de sobra para
refletir sobre as causas que a levaram e a seu governo a tão melancólico
desfecho.
Considerando
seu passado, Dilma não admitirá sua própria responsabilidade no episódio.
Ficará repetindo, como mantra, é golpe, é golpe, não aceitando o fato de que
violou a Constituição em matéria punível com o impeachment.
Escapar
da responsabilidade lhe parece natural, pois foi o que fez quando lhe
perguntaram sobre o funcionamento do maior esquema de corrupção do mundo, na
Petrobras, nos anos em ela foi presidente do conselho de administração da
empresa: Euzinha? Nada vi, nada soube,
de nada desconfiei, nada supus, de nada nada.
O
pior é que pode mesmo não ser apenas uma de encenação. Pode ser que Dilma acredite mesmo na
baboseira que vem repetindo nos comícios que organiza no Palácio do Planalto,
de que ela é apenas uma pobre vítima de golpistas desalmados. A
Ora, como pode isso acontecer com ela, que
apregoava à exaustão na campanha eleitoral de 2010 que “a gente nunca pode apostar
nas virtudes dos homens, porque todos os homens e mulheres são falhos.
Precisamos apostar na virtude das instituições”.
Mas
esse pensamento, que tomou de empréstimo a Márcio Thomaz Bastos, não lhe
ensinou a história toda. A virtude, própria ou alheia, é apenas metade do que
necessita o ou a governante para ter
sucesso. A outra metade, como já
instruía Maquiavel a Lourenço de Médici, poucos anos depois da descoberta do
Brasil, chama-se sorte, fortuna.
Luiz
Inácio Lula da Silva, que antecedeu Dilma na Presidência, administrou o País
com um relativo déficit de virtude, mas com um extraordinário superávit de
sorte.
Tendo
recebido o país com as contas econômicas relativamente bem arrumadas, foi sábio
(virtude) o suficiente para nelas não mexer. Com isso pode usufruir de toda a
sorte (fortuna) representada pelo aumento brutal dos preços das commodities
exportadas pelo Brasil, graças ao ímpeto importador chinês.
Com
dinheiro sobrando, com o país crescendo, Lula pode bancar os programas sociais
de sua agenda e apresentar-se ao mundo como um grande líder. Como se dizia à
época, o lado bom de Lula não era novo, e o lado novo não era bom. Mas o fato é
que foi bafejado pela sorte.
Como
Dilma, só que com referência ao ‘mensalão’, cujas tratativas ocorriam na sala
ao lado de seu gabinete, Lula também de nada soube, viu ou percebeu. Mas o que
fazer, se a falta de virtude em seu governo era mais do que compensada pela
fortuna?
No
caso de Dilma, a situação foi diferente.
Por razões que talvez conte quando produzir um relato biográfico, Lula a
escolheu - quando muitos associavam sua imagem à de um poste em termos de flexibilidade
política - como candidata a sucedê-lo.
Sua
fama como gestora, na verdade, parecia mais decorrer do temor que espalhava à sua volta, fruto de
incontrolada grosseria pessoal, do que de uma efetiva qualificação pessoal e
profissional.
Lula
terá um dia de explicar a razão de ter indicado uma pessoa com essas falhas tão
patentes para assumir a complexa
responsabilidade de administrar um país como o Brasil. Para completar, faltou a
Dilma a sorte que sobrara nos governo de Lula da Silva.
A
herança deixada por seu antecessor, Luiz Inácio Lula da Silva, foi apresentada pela máquina de propaganda do
governo como um sucesso. Na verdade, parecia um pêssego, mas era pequi: bonito
por fora, mas com profusão de espinhos por dentro.
Um
desses espinhos deixados de presente por Lula para sua sucessora foi um pacote
de “empenhos”(compromissos de pagamento) de mais de 10 bilhões de reais. Foi
esse o começo do fim.
Pedro
Luiz Rodrigues
Quinta-feira,
12 de maio, 2016
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