Não
há outra explicação: a presidente Dilma endoidou. A que outra conclusão terá
chegado quem leu os jornais de ontem, ao se deparar com as manchetes sobre ter
ela anunciado que sexta-feira enviará ao Congresso projeto de emenda
constitucional antecipando para 2 de outubro as eleições presidenciais marcadas
para 2018?
Primeiro
porque nada justifica a supressão de dois anos no atual mandato. Depois, porque
para concretizar esse monstrengo, tanto Dilma quanto Michel Temer precisarão
renunciar à presidência e à vice-presidência da República. Logo Temer, que se
encontra a um passo de assumir o poder por força de dispositivo constitucional.
Por obra de que sortilégios faria isso?
Dilma
deveria estar lutando por seu mandato, argumentando não haver cometido crime
algum, muito menos de responsabilidade. Renunciar revela insanidade para quem
se julga inocente.
Acresce
que jamais um Congresso em sã consciência, prestes a livrar-se dela,
surpreenderia o país votando a antecipação eleitoral. Nada se torna mais
essencial o que cumprir a Constituição, que prevê em sequência ao impeachment a
posse do vice-presidente. Realizar eleições fora de época é bobagem. Ainda mais
como forma de vingança, para afastar o substituto legal. Quem garante que
deputados e senadores votariam tal emenda?
Por
último, o derradeiro obstáculo: a candidatura do Lula. Apesar de andar na
baixa, o ex-presidente ainda ocupa a pole-position. Contaria com os votos do PT
e adjacências em meio à confusão dos demais partidos, sendo que o PMDB, prestes
a ocupar o poder, despencaria no precipício caso aceitasse sacrificar Temer.
Mas tem mais: o PT encontra-se aos farrapos, fora da absurda hipótese de dar a
volta por cima e levar outra vez o Lula ao poder. Teria o primeiro-companheiro
força e saúde para recomeçar? Talvez para convidar Dilma para chefe da Casa
Civil? O reino do absurdo não chegaria a tanto...
Em
suma, aguarda-se para amanhã, talvez até para hoje, o desmentido da mais nova
iniciativa da presidente Dilma. Caso aprovado o pedido de eleição para 2016, o
sonho de lula é voltar a ser de fato o presidente da república da Banânia.
Carlos
Chagas
Terça-feira, 03 de maio de 2016
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