Na
avaliação da procuradora da República Thaméa Danelon, para processar poderosos
são necessários conhecimento jurídico, técnico e uma boa dose de destemor. A
procuradora faz parte da recém-criada força-tarefa da Operação Lava Jato, em
São Paulo. Doze inquéritos já foram instaurados com base na delação da
Odebrecht.
"Tem
que ter coragem. Os poderosos nos processam na Corregedoria, entram com ação
contra a gente. Tem que fazer nosso trabalho, mas com uma boa dose de
coragem", considera Thaméa.
Ela
faz uma previsão sobre o alcance da grande investigação. "Não dá para
colocar um limite. Ela vai chegar onde tiver que chegar."
O
Supremo Tribunal Federal enviou à Procuradoria da República em São Paulo 14
petições desmembradas da delação da Odebrecht. Duas se referem ao ex-presidente
Lula. Na lista estão ainda supostos "pagamentos de vantagem indevida não
contabilizada" em campanhas eleitorais de José Anibal (2010), Alexandre
Padilha (2014), Edson Aparecido (2010) - ex-chefe da Casa Civil do Governo
Alckmin - e o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (2012). Todos negam
enfaticamente terem recebido valores de origem ilícita em suas campanhas ou
gestões.
A
criação da força-tarefa vai permitir uma melhor organização das investigações
ligadas à Lava Jato. Em vez de serem livremente distribuídas dentro do
Ministério Público Federal, as apurações têm destino certo: o grupo formado
pelos procuradores Thiago Lacerda Nobre, José Roberto Pimenta Oliveira, Anamara
Osório Silva e Thaméa.
"Já
sabemos que o que vier da Lava Jato, vai acabar vindo, vai vir para um dos
quatro", afirma Thaméa. "Trabalhando em equipe, se eu saio de férias,
os colegas já estão familiarizados. Fica mais fácil de organizar o
trabalho."
Segundo
a procuradora, a força-tarefa vai facilitar também o contato com autoridades
estrangeiras e pedidos de cooperação internacional.
"Eles
já sabem quem procurar. Vai facilitar a condução das investigações", diz.
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