Pesquisadores
do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), do Centro Nacional de Pesquisa
em Energia de Materiais (CNPEM), em Campinas (SP), desenvolveram uma combinação
de vacinas contra o câncer com resultados duradouros quando testada em
camundongos.
A
vacina tem por objetivo estimular o sistema imunológico contra células tumorais
que antes passavam despercebidas. Uma vez detectadas, o próprio corpo passa a
combatê-las. Esse tipo de estratégia já é conhecido e descrito na literatura
médica. O que os pesquisadores brasileiros fizeram foi combinar diversas
vacinas e observaram resultados promissores.
“Nós
combinamos vacinas diferentes que fizemos no nosso laboratório, de modo a
verificar a sinergia entre elas. Observamos que algumas combinações, além de
muito efetivas para eliminar completamente o câncer, também conseguiram
prevenir, evitar que os animais testados desenvolvessem um novo câncer”, disse
o coordenador da pesquisa, Marcio Chaim Bajgelman.
Recidiva
De
acordo com Márcio Chaim, os camundongos que receberam a vacina conseguiram
combater as células cancerígenas iniciais, mantiveram uma “memória” sobre elas
e as eliminaram quando infectadas pela segunda vez.
“Administramos
novamente células de câncer e verificamos que houve uma proteção duradoura.
Essas células não conseguiram se desenvolver e os animais eliminaram a primeira
e a segunda levas de células tumorais, destacou.
Segundo
o pesquisador, os pacientes com câncer, em muitos casos, apresentam recidiva –
a volta da doença após o tratamento inicial. Muitas vezes o câncer volta mais
forte e o medicamento usado inicialmente não surte efeito.“No nosso caso,
verificamos a possibilidade de induzir uma resposta duradora que poderia
prevenir essa recidiva”, afirmou.
Vacina
Conforme
Márcio Chaim, os ensaios do grupo de pesquisadores brasileiros estão sendo
redimensionados para células humanas. O processo, até a aplicação em pacientes,
poderá demorar até oito anos. Atualmente, o laboratório faz parcerias com
outras instituições, a fim de receber tumores e sangue humano.
“Vamos
iniciar ensaios de cultura células com esse material para verificar o benefício
da vacina. Uma vez que tenhamos resultados interessantes in vitro, vamos partir
para um modelo in vivo”, destacou o pesquisador.
A
criação de vacina contra o câncer é um objetivo buscado por diversos
pesquisadores. Elas foram inicialmente desenvolvidas pelo norte-americano
William Coley (1862-1936), que fez experimentos no início dos anos 2000.
Atualmente,
o modelo mais bem-sucedido é a vacina GVAX, testada em camundongos com células
de melanoma injetadas na cauda. Normalmente, o tumor se desenvolve no pulmão e
causa a morte do animal em aproximadamente 28 dias. O quadro é revertido com a
aplicação da GVAX, que aumenta a expectativa de vida do animal. Apesar dos bons
resultados em roedores, ainda não foi observado o mesmo desempenho da GVAX nos
ensaios com humanos.
O
Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais (CNPEM) é uma organização
social (OS) qualificada por decreto pelo Ministério da Ciência, Tecnologia,
Inovações e Comunicações (MCTIC). São quatro laboratórios referências mundiais
e abertos à comunidade científica: o Laboratório Nacional de Luz Síncrotron
(LNLS), o Laboratório Nacional de Biociências (LNBio), o Laboratório Nacional
de Ciência e Tecnologia de Bioetanol (CTBE) e o Laboratório Nacional de
Nanotecnologia (LNNano). (ABr)
Segunda-feira,
23 de abril, 2018 ás 11:00
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