O PL 3722/2012 está pronto
para ser votado no Congresso Nacional
Especialistas
e integrantes de movimentos que defendem o acesso a armas de fogo querem a
aprovação o mais rápido o possível pelo Congresso Nacional do substitutivo do
Projeto de Lei (PL) 3.722/2012, do deputado Laudivio Carvalho (PMDB-MG), o
chamado Estatuto de Controle de Armas de Fogo. Uma vez aprovado, substituirá o
Estatuto do Desarmamento. Em tramitação ordinária, não urgente, o novo estatuto
está pronto para ser votado pelos deputados desde novembro de 2015.
O
projeto prevê licença para porte arma de fogo (direito de circular armado) para
defesa pessoal e patrimonial; faculta a compra de armas e munições a maiores de
21 anos e estabelece o registro permanente de até seis armas, sem necessidade
de renovação periódica, concedido pelas polícias Civil ou Militar dos estados e
não mais pela Polícia Federal.
O
interessado em comprar arma de fogo deverá demonstrar capacidade técnica e
psicológica para manejo e uso; ter ocupação lícita e residência certa e não
pode ser condenado por crime doloso – conforme descrito no portal da Câmara dos
Deputados, na prática, “pessoas que respondam a inquérito policial, a processo
criminal ou que sejam condenadas por crime culposo (não intencional) vão poder
comprar e portar arma de fogo”.
O
projeto de lei define quatro tipos de licença individual para o acesso às
armas: pessoal (para o qualquer cidadão); funcional (autoridades como
parlamentares, peritos de investigação, agentes penitenciários e até fiscais de
meio ambiente); de porte rural (para proprietários e empregados); e de
colecionador, atirador e caçador.
Urgência
Para
Benedito Gomes Barbosa Júnior, mais conhecido como Bené Barbosa, presidente do
Movimento Viva Brasil e autor do livro Mentiram para Mim sobre Desarmamento, o
mérito do substitutivo é que o país “deixa de ter uma lei desarmamentista e
para ter uma legislação que controle e que fiscalize, mas que não impeça o
cidadão a ter acesso a armas de fogo tanto para a posse quanto para o porte”.
Em sua avaliação, Decreto nº 9.685,
assinado pelo presidente Jair Bolsonaro no último dia 15, é “tímido” e “não
trouxe modificações profundas”.
Para
Bené Barbosa, o mérito do substitutivo do PL 3.722/2012 é “acabar de vez com a
discricionariedade” do delegado da Polícia Federal em decidir quem pode e quem
não pode comprar armas. “Estamos lutando para que haja critérios objetivos e
uma vez que o cidadão passe por todos esses critérios ele não tenha mais seu
direto negado como é hoje.”
Perspectivas
O
cientista político Leandro Gabiati, diretor da consultoria parlamentar
Dominium, acredita que há possibilidades de a proposta ser votada no plenário
da Câmara dos Deputados, com uma composição mais conservadora a partir de
fevereiro. Segundo ele, a proposta é “popular” e une aliados de primeira hora
de Jair Bolsonaro.
“Se pensarmos como está composta a base
política do presidente Bolsonaro no Congresso, há uma diversidade política
considerável. O que une é a convergência em matérias como a flexibilização da
posse e do porte de armas”, avaliou Gabiati.
Para
o cientista político, haverá um esforço da base aliada na busca por votos para
assegurar a aprovação da proposta.
“Certamente, o governo Bolsonaro terá interesse de mobilizar a sua base,
e a base estará interessada em ser mobilizada no Congresso justamente por esse
tipo de projeto para atender a demandas eleitorais e cumprir promessas que
foram dadas durante a eleição. ”
O
problema, porém, na opinião de Leandro Gabiati, é a concorrência de outras
demandas do governo. “A prioridade passa pela agenda de reformas econômicas,
incluindo principalmente a reforma da Previdência”, destacou. “O desgaste
político que pode causar a discussão de um projeto como esse pode atrapalhar a
agenda econômica. O desafio é misturar uma pauta complexa com um assunto
polêmico. O governo deverá ponderar qual é o tempo em que cada assunto será
pautado e levado para o Congresso Nacional”, completou.
Resistências
Contrário
ao substitutivo, Felippe Angeli, assessor para Advocacy do Instituto Sou da
Paz, não acredita na aprovação da proposta. “Será um projeto que terá muita
dificuldade de ser aprovado pela polêmica que traz em conjunto pela quantidade
de grupos e organizações que são contrários, inclusive as próprias vítimas,
muitos grupos de policiais, porque vão colocá-los em risco na sua atividade”,
opinou.
Para
Felipe Angeli, a proposta “dificulta o rastreamento [das armas] e estabelece
descontrole a circulação”. “[Além de] favorecer a violência letal,
principalmente contra os mais jovens. ” (ABr)
Domingo,
20 de janeiro, 2019 ás 11:00
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